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Iêmen: hospital de MSF é destruído por ataques aéreos

Foto: Miriam Czech/MSF

27/10/2015

Instalação era a única em funcionamento na região de Haidan; ao menos 200 mil pessoas ficarão sem acesso a cuidados médicos vitais

Ataques aéreos realizados no fim da noite passada (26/10) pela coalizão liderada pela Arábia Saudita no norte do Iêmen destruíram um hospital apoiado pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O pequeno hospital, no distrito de Haidan, na província de Saada, foi atingido por vários ataques aéreos que tiveram início às 22h30 (horário local) de ontem. Funcionários do hospital e dois pacientes conseguiram escapar antes dos subsequentes ataques aéreos que ocorreram por mais de duas horas. Um profissional foi levemente ferido enquanto fugia. Com o hospital destruído, pelo menos 200 mil pessoas ficarão sem acesso a cuidados médicos vitais.

“Esse ataque é outro exemplo de um total desrespeito pelos civis no Iêmen, onde bombardeios tornaram-se uma rotina diária”, disse Hassan Boucenine, coordenador-geral de MSF no Iêmen.

O bombardeio de civis e hospitais é uma violação do Direito Internacional Humanitário e MSF exige que as forças de coalizão expliquem as circunstâncias do ataque em Haidan. As coordenadas geográficas do hospital eram regularmente compartilhadas com a coalizão liderada pela Arábia Saudita, e a cobertura da instalação podia ser claramente identificada pelo logo de MSF.

“Mesmo 12 horas após os ataques aéreos, eu podia ver a fumaça saindo da instalação”, disse Miriam Czech, coordenadora do projeto de MSF em Saada. “A ala de internação, o ambulatório, a maternidade, o laboratório e a sala de emergência estão todos destruídos. Este era o único hospital que ainda funcionava na região de Haidan”, contou.

MSF começou a apoiar o hospital em maio deste ano. Desde então, cerca de 3.400 pacientes foram tratados, com uma média de 200 feridos de guerra admitidos por mês na emergência.

“O Iêmen está em uma guerra total, na qual a população encurralada no lado errado do conflito é considerada um alvo legítimo”, disse Hassan Boucenine. “Mercados, escolas, estradas, pontes, caminhões transportando comida, acampamentos de pessoas deslocadas e estruturas de saúde têm sido bombardeados e destruídos. E as primeiras vítimas são os civis.”

A prioridade de MSF é restabelecer uma nova instalação de saúde o mais rápido possível, a fim de manter a oferta de cuidados médicos para a população de Haidan.

MSF é uma organização médico-humanitária internacional fundada em 1971. Hoje, MSF oferece serviços de saúde imparciais e gratuitos àqueles em necessidade em mais de 60 países em todo o mundo, incluindo o Iêmen. No Iêmen, MSF atua em oito províncias do país - Sanaa, Saada, Aden, Taiz, Amran, Al-Dhale, Ibb e Hajja. Desde o início da crise no Iêmen, em março de 2015, MSF tratou mais de 15.500 feridos de guerra e ainda oferece serviços de saúde não emergenciais.



Iêmen: MSF discute situação humanitária no país durante conferência em Amã

Foto: Guillaume Binet/MYOP

21/08/2015

Organização pediu às partes em conflito que diminuam o nível de sofrimento dos civis

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) realizou a conferência “Situação humanitária e de saúde no Iêmen” em Amã, na Jordânia, no dia 10 de agosto, para discutir a atual crise humanitária no Iêmen com a imprensa internacional. Abaixo, a declaração do Dra. Ghazali Babiker, coordenadora-geral de MSF no Iêmen, que abriu o encontro:

“Queridos colegas e convidados, obrigada por se juntarem a nós hoje para discutirmos a atual crise humanitária no Iêmen. Nós organizamos essa conferência para compartilhar nossas crescentes preocupações com nossos pacientes e suas famílias no Iêmen, e com todos aqueles que não conseguem ter acesso a um médico ou enfermeiro, ou a uma estrutura de saúde em funcionamento, no momento em que mais precisam.

Os últimos meses têm sido marcados por um agravamento contínuo da situação dos civis no Iêmen. O início de uma campanha de bombardeio aéreo internacional em março de 2015 é o último estágio da transição política falha que está em curso desde que o ex-presidente Saleh deixou o cargo há mais de três anos. O resultado é que a população do Iêmen está sofrendo diariamente por causa da violência em andamento, temendo por suas vidas e por aqueles que amam, assim como lutando para achar alimentos e água suficientes para sobreviver. Isso também significa uma deterioração contínua da capacidade de qualquer pessoa, de gestantes a combatentes feridos, de obter cuidados de saúde. Algumas instalações de saúde e profissionais médicos têm sido diretamente afetados ou até estado sob a mira de ataques. Muitas, senão a maioria, das clínicas de saúde foram fechadas porque faltam suprimentos médicos para que funcionem efetivamente, ou porque o pessoal médico fugiu. As estruturas de saúde que ainda estão operando estão funcionando a baixa capacidade, na medida em que há pouco combustível. Com a escassez de combustíveis e opções de transporte, as instalações de saúde que ainda estão funcionando são de difícil acesso para aqueles que precisam de cuidados.

A falta de suprimentos médicos e a disponibilidade escassa de combustíveis e alimentos são efeitos secundários tangíveis do bloqueio de armas imposto pela coligação no início do conflito. Em abril, o Conselho de Segurança da ONU reforçou a legitimidade desse embargo de armas, o que, na prática, puniu os civis e causou sofrimento direto dentro do Iêmen. Mesmo que o objetivo do embargo seja outro, as consequências da diminuição de importações em geral chegando aos portos e aeroportos iemenitas têm impactado de forma negativa a população, que já está enfraquecida há décadas pela pobreza e desnutrição crônica. Hoje, nós fazemos um apelo a todos aqueles em posição de facilitar a chegada de itens humanitários, como alimentos, combustível e suprimentos médicos, a fazê-lo rapidamente.

Mas essas restrições externas impostas aos iemenitas não são os únicos obstáculos enfrentados por aqueles que necessitam urgentemente de assistência médica: em um Iêmen cada vez mais dividido, atormentado por confrontos ativos e mudanças de linhas de frente, as pessoas enfrentam cada vez mais o dilema de postergar a visita a instalações de saúde para evitar a entrada em zonas de perigo ou ter de passar por pontos de controle pelos quais emergências médicas frequentemente não são permitidas.

A assistência humanitária deve ser oferecida às pessoas em maior necessidade, e facilitada pelas partes em conflito, de acordo com o direito internacional humanitário. No Iêmen, a oferta de assistência humanitária neutra e independente está sendo obstruída por processos complicados, tentativas de uso da influência onde a assistência é prestada e bloqueio e apreensão de suprimentos humanitários. As partes do conflito no Iêmen buscam controlar os poucos recursos humanitários disponíveis nas regiões que dominam, mas deveriam entender que a prestação de assistência humanitária não influenciará de modo algum o resultado do conflito nem a opinião das pessoas sobre quem é responsável por seu sofrimento ou pelos preços absurdos de itens básicos.

Enquanto isso, a resposta de emergência internacional a essa crise humanitária tem sido abaixo do necessário e está limitada em seus escopo e impacto. O Iêmen está em uma fase extrema e complexa do conflito, demandando profissionais humanitários com experiência em conflitos e crises e líderes qualificados para negociar e oferecer assistência a comunidades vulneráveis além das linhas de frente de batalhas e preferências partidárias. Nós precisamos reconhecer os riscos que os agentes de saúde estão correndo no Iêmen. O dever humanitário é grande, e algumas organizações provaram que atuar dentro do país, em grande escala, com pessoal internacional experiente, é possível.

Um problema frequente tem sido o desinteresse de doadores financeiros internacionais diante dos apelos emergenciais feitos por organizações humanitárias. Atualmente, a maioria dessas organizações são obrigadas a usar recursos de uma das únicas fontes disponíveis – uma fundação de caridade saudita – para realizar atividades humanitárias neutras e imparciais no Iêmen. Um financiamento como este pode ser visto como suspeito por grupos de oposição armados em campo, e qualquer agência de ajuda afeita a uma parte do conflito pode perder sua aceitação local e afetar a percepção de neutralidade de outros atores envolvidos com ela.

Considerando-se todo o sistema de ajuda internacional, é preciso fazer mais pelo Iêmen imediatamente. A mobilização de agências humanitárias com experiência em conflitos e crises, os mecanismos de financiamento rápido e o reenvio urgente de profissionais especialistas para ficarem permanentemente no Iêmen são fundamentais para recuperar qualquer aspecto de uma resposta de emergência eficaz.

Mas agentes de saúde e assistência humanitária também podem servir como um pequeno band-aid em uma época de sangramento intenso. Toda a boa vontade da assistência neutra não terá êxito se as partes em conflito não fizerem sua parte no sentido de facilitar esses esforços, afastando-se de seu possível objetivo de se apropriar da assistência para suprir seus próprios objetivos políticos e militares. Por último, as partes do conflito devem encontrar formas de minimizar o sofrimento imposto aos civis iemenitas ao evitar o direcionamento de ataques a bairros densamente povoados e a infraestruturas civis, como hospitais e estações de tratamento de água; permitindo que suprimentos urgentemente necessários cheguem àqueles mais necessitados; e envolvendo-se em qualquer iniciativa que busque diminuir os níveis de violência em campo. Tréguas ou acordos de cessar-fogo mais abrangentes devem ser incentivados para facilitar o acesso de comunidades que vivem em temor constante a suprimentos básicos e cuidados médicos.

A população do Iêmen demanda um esforço maior da parte de profissionais humanitários e mais respeito às suas necessidades por parte dos envolvidos nos confrontos. Espera-se que suas necessidades urgentes sejam ouvidas por aqueles que podem ter um impacto benéfico sobre sua luta diária por sobrevivência.

Obrigada pelo seu tempo e atenção.”

Fonte: MSF


Iêmen: crimes de guerra e escassez grave do essencial

Foto: Sebastiano Tomada/Getty Reportage
01/08/2015

Por Dr. Mégo Terzian, presidente de MSF na França

Desde que o conflito eclodiu no fim de março no Iêmen entre rebeldes houthi e forças da coligação liderada pela Arábia Saudita, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) prestou assistência médica a quase 7 mil feridos de guerra.

Equipes de MSF trabalhando no país testemunharam mulheres grávidas e crianças morrendo após chegarem tarde demais a centros de saúde por conta da escassez de petróleo ou porque tiveram de esperar durante dias por uma breve trégua no conflito. Pessoas que precisavam de tratamento médico emergencial também morreram após serem mantidas em barricadas vigiadas por combatentes nas estradas.

MSF também ofereceu cuidados a vítimas de bombardeios perpetrados pela coligação – no fim de março, quando o campo de deslocados internos de El-Mazraa na província de Hajjah foi bombardeado, ferindo ao menos 34 pessoas, 29 das quais já chegaram mortas ao hospital; no fim de maio, quando um caminhão-tanque na cidade de Taiz foi atingido por bombas, deixando 184 pessoas com queimaduras graves; e, em 4 de julho, quando equipes trataram cerca de 70 vítimas em Beni-Hassan, no noroeste do Iêmen, após diversos ataques aéreos que tiveram como alvo um mercado movimentando no fim do mês do Ramadan.

Igualmente beligerante, os houthis bombardearam indiscriminadamente áreas residenciais densamente povoadas de Aden por semanas e, em 19 de julho, quando as forças de resistência do sul lutaram para recuperar o controle da cidade, também o fizeram em uma região densamente povoada. Em poucas horas, 150 vítimas – mulheres, crianças e idosos – chegaram ao hospital de MSF. Quarenta e dois chegaram mortos e diversas dúzias de corpos tiveram de continuar do lado de fora porque não havia mais espaço no hospital.

No país, a população está sofrendo com uma grave escassez de alimentos e medicamentos, e a gasolina tornou-se muito rara, ameaçando a sobrevivência dos mais vulneráveis. Com a falta de combustível para o funcionamento de geradores e estações de bombeamento, alguns hospitais não estão mais aptos a funcionarem e a obtenção de água limpa é cada vez mais problemática. Para conseguir gasolina, as pessoas ficam em filas por horas, ou até dias, com a esperança de poder fugir da zona de combate ou transportar uma vítima ou alguém doente ao hospital mais próximo. A estação de malária começou e casos suspeitos de febre hemorrágica estão aumentando. Embora MSF tenha conseguido as autorizações necessárias para levar mais de 100 toneladas de medicamentos e suprimentos médicos ao país, instalações do Ministério da Saúde e clínicas privadas não conseguiram, e não estão recebendo nenhum tipo de suprimento. Em Aden, o preço da farinha aumentou 70% em algumas regiões e a carne é praticamente inexistente. Dados coletados por MSF em Khamir e Saada mostraram que 15% das crianças estão subnutridas.

Crimes de guerra e a grave escassez de itens essenciais resultam na população sendo submetida ao dobro de sofrimento, causado não só por diferentes partes do conflito, mas também pela Resolução 2216 (2015) adotada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas em abril. Proposta pela Jordânia e apoiada ativamente pelos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, o objetivo da Resolução – Capítulo VII da Carta – era pôr um fim à violência no Iêmen, impondo, entre outras coisas, um embargo de armas sobre os houthis. A coligação militar foi, então, presentada com a oportunidade de bombardear toda a infraestrutura do país, como estradas, aeroportos, portos e postos de gasolina, que poderiam garantir uma vantagem militar aos rebeldes, e impor restrições às rotas aéreas e marítimas que, rapidamente, resultaram no isolamento de todo o país do resto do mundo. É óbvio que a Resolução escolheu o alvo errado na medida em que, longe de “pôr um fim à violência”, só impulsionou o apetite beligerante de diversas partes do conflito e prejudicou a população. A exceção de poucos comboios, a Organização das Nações Unidas, que manifesta sua enorme preocupação com a situação humanitária sempre que tem oportunidade, não estruturou uma rede de suprimentos para facilitar o transporte de itens de primeira necessidade, como medicamentos, alimentos e combustível.

Em face do que estamos testemunhando em Aden, tememos que as ofensivas lideradas pela coligação, na busca pela recuperação de territórios dos houthis, inflijam, a curto prazo, ainda mais violência sobre os civis encurralados pelas partes envolvidas no conflito e os exponham a retaliações armadas. Além disso, também tememos que aqueles países que apoiam a coligação em sua empreitada de “liberar” o Iêmen – custe o que custar – vejam essa violência como um efeito colateral aceitável. Um efeito colateral que pode ser a menor das preocupações dos governos, como vimos, nos últimos meses, durante nossas tentativas de reunir diplomatas em Paris, Genebra e Washington, por causa da necessidade de pressionar as partes beligerantes para que poupem a vida dos civis.

Ainda há tempo para os Estados responsáveis pelo custo humano do conflito fazerem tudo o que está ao seu alcance para reduzi-lo, sancionando os crimes de guerra como tal, cometidos por diversas partes, e restaurando urgentemente o acesso da população a serviços essenciais.

Fonte: MSF


Iêmen: “Eu nunca ouvi explosões como essa em minha vida”

Foto: Jean-Pierre Amigo/MSF

15/07/2015

Enfermeiro de MSF sente as consequências da violência na província de Al Dhale

Um enfermeiro que atua em um dos hospitais apoiados pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Iêmen fala sobre sua experiência ao ouvir pela primeira vez ataques aéreos em Al Dhale, no Iêmen. Abaixo seu depoimento na íntegra:

“Eu nunca ouvi explosões como essa em minha vida. Eu não entendi logo de cara que aqueles barulhos eram ataques aéreos, mas me lembrei de ouvir o som de aviões mais cedo. Eu estava com medo; senti que as bombas iriam explodir ao meu lado... Eu estava tremendo.

Depois disso, eu tive uma forte dor de cabeça e senti que iria entrar em coma, porque quando saí do hospital que MSF apoia na província de Al Dhale, onde trabalho, não consegui achar nenhum meio de transporte para voltar para casa. As pessoas estavam nas ruas, na frente do hospital, desorientadas, confusas.

Quando eu, finalmente, consegui um transporte, era um pequeno ônibus público, ficava pedindo ao motorista que dirigisse o mais rápido que pudesse para sair dali. Após esse incidente, eu decidi tirar alguns dias de folga e ficar em casa com a minha família. Mas não pude ficar por muito tempo porque meu trabalho é a nossa única fonte de renda.

Esse episódio me afetou muito. Agora, eu começo a tremer e tenho arrepios até quando ouço um tiro ou qualquer som de explosão. Por exemplo, quando estou subindo as escadas da minha casa ou do hospital e alguém bate a porta, eu posso até desmaiar por causa do medo que sinto.

Não tenho certeza de quanto tempo continuarei trabalhando no hospital ou com MSF. Eu prefiro estar em casa com a minha família – onde é seguro e distante dos ataques aéreos e confrontos –, em vez de trabalhar em um hospital que fica na linha de frente de batalha. Eu estou com muito medo de estar aqui.”

MSF em Al Dhale

MSF oferece serviços de saúde que salvam vidas no hospital de Al-Nasser, do Ministério da Saúde, no distrito de Al Dhale, no sudoeste do Iêmen. O apoio inclui sala de emergência 24 horas por dia, cirurgia, cuidados pós-operatórios, esterilização, laboratório, controle de infecção, gestão de resíduos e encaminhamentos.

Além disso, MSF está apoiando o centro de saúde de Al-Azarik na sala de emergência, cuidados de pré e pós-natal, planejamento familiar, partos normais, programas de imunização, nutrição e encaminhamentos ao hospital de Al-Nasser. Em Qataba, MSF apoia a sala de emergência 24 horas por dia, sala de observação, laboratório e gestão de resíduos no hospital de Al-Salam, do Ministério da Saúde.

No mês passado, MSF ampliou suas atividades apoiando o departamento ambulatorial, de nutrição e de cuidados de pré-natal no hospital. MSF também oferece água potável para 25 mil pessoas por meio de um poço adequado na cidade de Qataba.

Além disso, MSF está apoiando diversos centros de saúde em Al-Jaffea e hospitais em Al-Habilain com suprimentos médicos e equipamentos na província.

Desde o início de 2015, o projeto de MSF em Al Dhale atendeu 10.317 pacientes na sala de emergência e 1.232 feridos, entre os quais mais de 490 eram feridos de guerra. MSF também ofereceu consultas gerais para 11.206 pacientes.



Iêmen: MSF mantém projetos em oito províncias para atender feridos do conflito

Foto: Benoit Finck/MSF

25/06/2015

MSF levou 105 toneladas de itens de ajuda humanitária às instalações que está administrando e apoiando no país

Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização médico-humanitária internacional que atua em cerca de 70 países ao redor do mundo. A organização trata pacientes independentemente de suas origens, seguindo a ética médica. No Iêmen, MSF atua em Aden, Ad-Dhale, Taiz, Saada, Amran, Hajja, Ibb e Sanaa. MSF levou 105 toneladas de itens de ajuda humanitária às instalações que está administrando e apoiando no país. Abaixo, um resumo das atividades da organização no Iêmen:

Feridos de guerra tratados por MSF: mais de 3.800 pacientes desde 19 de março de 2015.

Aden: MSF está administrando por conta própria um hospital de emergência cirúrgica – dentro do complexo do hospital Al-Sadaqa, no distrito de Sheikh Othman – e tem apoiado o centro de saúde de Crater, com profissionais de MSF trabalhando 24 horas por dia, oferecendo cuidados para trauma, medicamentos e combustível para o gerador de energia. No hospital, há seções de emergência, unidade de terapia intensiva, centro cirúrgico, ambulatório cirúrgico, acompanhamento clínico, serviços de saúde mental, internação, fisioterapia, psicoterapia, raio-x, laboratório e farmácia. Em Enma, As-Shab e Crater, MSF deu início às atividades das clínicas móveis que oferecem cuidados ambulatoriais a pacientes cirúrgicos que não têm acesso aos cuidados ambulatoriais oferecidos no hospital da organização. Desde o início de 2015, MSF atendeu 2.380 pacientes na sala de emergência e realizou 2.259 intervenções cirúrgicas. O número de feridos de guerra recebidos desde 19 de março superou 2.200 pessoas.

Amran: Desde a metade de maio, MSF tem oferecido consultas gerais nas clínicas móveis para deslocados internos que fogem de suas casas rumo a diversas regiões do Iêmen. Mais de 3.400 consultas gerais foram oferecidas e as atividades continuam em andamento. Além disso, MSF ofereceu apoio em diversos locais que abrigam deslocados internos. O apoio inclui o fornecimento de tanques de água, itens não-alimentares e kits de higiene para mais de 500 famílias deslocadas, abrigadas em 12 localidades em Khamer. As atividades de apoio aos deslocados internos também incluem promoção de saúde entre essas pessoas e limpeza do sistema de esgoto no mercado central de Khamer.

MSF está apoiando ativamente serviços de saúde e que salvam vidas destinados a pacientes em 12 departamentos do hospital de Al-Salam, do Ministério da Saúde: sala de emergência, unidade de terapia intensiva, operações cirúrgicas, unidade de pré-natal, centro terapêutico pediátrico e de internação, hospitalização, sala de parto, cuidados de pré-natal, banco de sangue, laboratório, vacinação e sala de curativos. MSF também está apoiando o centro de saúde de Huth com medicamentos, oxigênio, equipamentos logísticos, recursos humanos, eletricidade e sistema de encaminhamento. Desde 1º de janeiro até 19 de junho, MSF recebeu 15.900 pacientes nas salas de emergência, realizou 1.370 cirurgias e 1.300 partos, admitiu 1.446 pacientes adultos na internação e 1.200 crianças na ala pediátrica e na unidade de pré-natal, ofereceu 2.534 consultas de pré e pós-natal, e 1.708 consultas ginecológicas na província de Amran.

Hajja: MSF está apoiando os deslocados internos com água, distribuições de itens não-alimentares e consultas médicas gerais no distrito de Bani Hassan. A organização conduziu 4.742 consultas em suas clínicas móveis e no centro de saúde do distrito.

MSF também ofereceu serviços de emergência e vitais para feridos no hospital de Haradh. Um total de 145 feridos de guerra foram tratados pela equipe de MSF em parceria com a equipe do Ministério da Saúde do hospital de Haradh.

Al-Dhale’: MSF ainda está oferecendo serviços de saúde vitais no hospital administrado pelo Ministério da Saúde de Al-Nasser, em Al-Dhale. O apoio inclui sala de emergência 24 horas por dia, cirurgia, cuidados pós-operatórios, esterilização, laboratório, controle de infecção, gestão de resíduos e encaminhamentos. Além disso, MSF está apoiando o centro de saúde de Al-Azarik na sala de emergência, cuidados de pré e pós-natal, planejamento familiar, partos normais, programas de imunização, nutrição e encaminhamentos ao hospital de Al-Nasser. Em Qataba, MSF apoia as salas de emergência 24 horas por dia, sala de observação, laboratório e gestão de resíduos no hospital de Al-Salam, do Ministério da Saúde. No mês passado, MSF ampliou suas atividades apoiando o departamento ambulatorial, de nutrição e de cuidados de pré-natal no hospital. MSF também oferece água potável para 25 mil pessoas por meio de um poço adequado na cidade de Qataba.

Além disso, MSF está apoiando diversos centros de saúde em Jaffea e hospitais em Al-Habilain com suprimentos médicos e equipamentos na província. Desde o início de 2015, o projeto de MSF em Al-Dhale atendeu 10.317 pacientes na sala de emergência e 1.232 feridos, entre os quais mais de 490 eram feridos de guerra. MSF também ofereceu consultas gerais para 11.206 pacientes.

Saada: Desde meados de maio, MSF está apoiando a sala de emergência e os departamentos de maternidade e terapia ocupacional do hospital de Al Jumhuri, na cidade de Saada, com uma equipe médica de profissionais nacionais e internacionais. MSF assistiu 87 partos normais, atendeu 837 pacientes na sala de emergência, entre os quais 410 eram feridos de guerra, e realizou 102 cirurgias, entre as quais 89 eram relacionadas à guerra. MSF também está apoiando o centro de saúde de Haidan com um médico, medicamentos e sistema de encaminhamento ao hospital de Al-Jumhori e planeja apoiar a instalação futuramente.

Taiz: Desde o início de maio deste ano, MSF está oferecendo medicamentos de emergência e suprimentos cirúrgicos para os hospitais de Al-Jumhouri, Al-Thawra e Al-Rawdah, e também para o hospital militar, que receberam pessoas afetadas pela violência do conflito em andamento. Durante esse período, MSF estruturou e equipou três salas de emergência adicionais no hospital de Al-Rawdah para ter mais espaço para lidar com um grande número de vítimas de uma vez, enquanto continua apoiando as salas de emergência dos hospitais com suprimentos e profissionais. MSF conta com quatro médicos e um enfermeiro trabalhando na sala de emergência do hospital de Al-Rawdah, além de cobrir o pagamento dos salários de 22 funcionários do hospital para garantir que trabalhem 24 horas nas salas de emergência. Desde o início de junho até o dia 17, o hospital recebeu um total de 617 pacientes, e desses, 73 morreram. Um total de 946 pacientes feridos foram recebidos só no mês de maio. Atualmente, a média pessoas precisando de curativos na sala de emergência é de 60 ao dia. MSF também apoiou o hospital de Al-Thawra com “kits de queimadura”, quando cerca de 200 pessoas foram feridas devido a uma explosão de um caminhão-tanque na cidade de Taiz. MSF oferece um sistema de encaminhamento de hospital para hospital por meio de quatro ambulâncias.

Depois de avaliar necessidades, MSF está estruturando um escritório em Taiz para garantir apoio contínuo durante esse período de crise. Uma equipe de MSF está em campo para apoiar e realizar futuras avaliações das necessidades sempre que necessário.

Ibb: MSF doou materiais médicos e cirúrgicos aos hospitais de Al-Thawra e Al- Qa’idah na província de Ibb. MSF também está considerando fazer doações pontuais de alimentos para cozinhas que centralizam as demandas de deslocados internos que estão abrigados em cinco escolas na cidade de Al-Qa’idah, em Ibb. Em 1º de junho deste ano, MSF ajudou o Ministério da Saúde com a evacuação de 509.800 doses de vacinas, destinadas a uma imunização de rotina, do gabinete de saúde da província, que está na linha de frente da guerra, para à cadeia de frio de Ibb.

Sanaa: MSF doou 500 materiais de sessões de diálise ao centro de Kidney, no hospital de Al-Jumhori, em Sanaa, que ajudará os pacientes registrados por 17 dias. A organização está se preparando para apoiar este centro com esses materiais por três meses. MSF também doou mil litros de diesel para a fábrica de oxigênio para produzir oxigênio para o hospital de Al-Thawra. Atualmente, MSF está tentando ajudar no transporte de materiais ao centro de diálise de Al-Thawra e a outros centros no país.

Além disso, MSF ofereceu apoio urgente durante emergências aos hospitais locais por meio do Ministério da Saúde, após diversas explosões em Sanaa desde o início de 2015.

Fonte: MSF


Iêmen: MSF recebe 100 feridos em um dia após bombardeio de áreas residenciais em Aden

Foto: Benoit Finck/MSF

Publicado em 11/06/2015

Civis estão sem acesso a serviços e itens essenciais como medicamentos e alimentos

Mais de 100 feridos, incluindo mulheres e crianças, foram recebidos ontem pela organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Aden, no Iêmen, como resultado de um forte bombardeio na área residencial de Al-Basateen na cidade.

Desde 19 de março, MSF já tratou mais de 2.500 feridos no Iêmen. Desses, mais de 1.800 foram apenas em Aden. A situação no sul da cidade está se deteriorando  e as equipes de MSF estão impossibilitadas de se locomoverem ao redor de Aden para oferecer cuidados de saúde aos feridos. Muitos pacientes estão impossibilitados de acessar hospitais.

“Nas últimas 36 horas, nós recebemos mais de 130 feridos, principalmente de Al-Basateen, depois que a área residencial foi bombardeada, incluindo um ataque a um funeral na região”, disse Thierry Goffeau, coordenador do projeto de MSF em Aden. “Os hospitais em Aden estão lotados, alguns estão colocando colchões na frente de seus portões de entrada para acomodar pacientes. Confrontos e ataques aéreos diários ainda são pesados, e estamos preocupados com os pacientes que não conseguem ter acesso a cuidados, enquanto os pacientes que já estão em hospitais estão com muito medo de sair dali.”

MSF está administrando de forma independente um hospital de cirurgia de emergência dentro do complexo hospitalar de Al-Sadaga, no distrito de Sheikh Othman, em Aden. A organização também está apoiando o centro de saúde de Crater e realizando cirurgias ambulatoriais por meio de clínicas móveis para pacientes que não podem ter acesso ao hospital de MSF. Mas, se locomover para diferentes partes da cidade é extremamente difícil.

“Em muitas ocasiões, nossas equipes foram impedidas de se locomover dentro da cidade e de receber carregamentos de ajuda médica do porto”, disse Thierry Goffeau. “Nós precisamos ter livre acesso para conseguirmos oferecer cuidados médicos àqueles que precisam.”

Uma cidade sitiada

Os civis em Aden não estão sofrendo só devido ao conflito, mas também com a falta de acesso a serviços e itens essenciais e por estarem cercados por frentes de batalha.

“Há escassez de alimentos, gás de cozinha, combustíveis e medicamentos”, disse Hassan Boucenine, coordenador-geral de MSF no Iêmen. “O sistema de saúde está entrando em colapso. Pacientes com doenças crônicas não conseguem obter seus medicamentos, há corpos nas ruas, e a cidade é um lixão a céu aberto, com lixos cobrindo as ruas.”

“É extremamente importante levantar o bloqueio de alimentos e medicamentos e estabelecer canais desobstruídos pelo ar, mar e terra, para atender a população com o que ela precisa para sobreviver”, disse Hassan Boucenine.

Estruturas médicas sob fogo

Nesta manhã, bombas caíram muito próximo ao hospital de MSF em Aden, e, ontem, uma bomba caiu a 30 metros de um profissional de MSF enquanto ele estava fora da cidade. O hospital de MSF tem sido alvo de inúmeros tiroteios e estilhaços de bala caíram no pátio do hospital.

Em Taiz, na noite passada, três bombas caíram nas proximidades de um hospital apoiado por MSF, danificando partes da instalação do hospital.

Civis sofrendo

Outras incidências de mortes de civis e danos a estruturas civis foram registrados recentemente como resultado de ataques aéreos e bombardeios em áreas densamente povoadas em Sanaa, Hodeidah, Taiz, Saada, Amran, Ad-Dhale e em outros lugares.

Em Taiz, 57 feridos foram tratados ontem em um hospital apoiado por MSF, incluindo um menino de seis anos que sofreu um ferimento na cabeça devido a uma bomba que caiu fora de sua casa enquanto ele brincava. Enquanto isso, ao longo da semana passada, a equipe de MSF em Saada recebeu três ondas de mortes em massa, com 137 feridos e 17 mortes na chegada, incluindo civis.

“É totalmente inaceitável que bombas de todos os lados do conflito sejam direcionadas a áreas onde há uma concentração de civis”, disse Hassan Boucenine. “Nós pedimos a todas as partes que respeitem a segurança dos civis e a neutralidade de instalações e profissionais médicos, e que permitam que a população tenha livre acesso a assistência médica. Esperamos que esse pedido tenha uma consideração importante nas próximas negociações de paz.”

MSF é uma organização médica internacional neutra que oferece cuidados de saúde em cerca de 70 países de acordo com a ética médica. No Iêmen, MSF atua nas províncias de Aden, Sanaa, Ad-Dhale, Amran, Saada, Taiz e Hajja. MSF é uma organização independente que recebe doações de indivíduos ao redor do mundo.

Fonte: MSF


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