Mostrando postagens com marcador Chile. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Chile. Mostrar todas as postagens

CHILENOS CRIAM SACOS PLÁSTICOS SOLÚVEIS EM ÁGUA QUE NÃO POLUEM

O engenheiro chileno Roberto Astete dissolve um saco de material biodegradável em água 
durante coletiva de imprensa em Santiago em 24 de julho de 2018 - AFP / Claudio Reyes

27/07/2018

Com uma mudança sutil na fórmula do plástico, que permite substituir o petróleo pela pedra calcária, um grupo de empreendedores chilenos conseguiu fabricar sacos plásticos e de tecido reutilizáveis solúveis em água e que não contaminam.

Roberto Astete e Cristian Olivares, os dois artífices deste produto, começam a fazer experimentos para fabricar um detergente biodegradável, mas acabaram encontrando a fórmula química à base de PVA (álcool polivinílico, solúvel em água) e que substitui os derivados do petróleo, responsáveis pela alta durabilidade dos plásticos que se integrou à cadeia alimentar de animais marinhos e responsáveis pela deterioração do meio ambiente.

"Nosso produto deriva de uma pedra calcária que não causa danos ao meio ambiente", assegurou Astete, diretor-geral da empresa SoluBag, que espera comercializar seus produtos a partir de outubro no Chile, um dos primeiros países da América Latina a proibir o uso de sacos plásticos convencionais em estabelecimentos comerciais.

"É como fazer pão", acrescenta. "Para fazer pão é preciso farinha e outros ingredientes. Nossa farinha é de álcool de polivinil e outros componentes, aprovados pela FDA (agência americana reguladora de alimentos, medicamentos, cosméticos, aparelhos médicos, produtos biológicos e derivados sanguíneos), que nos permitiu ter uma matéria-prima para fazer diferentes produtos".

Diante de jornalistas, os dois demonstraram a solubilidade imediata de suas sacolas plásticas em água fria ou de bolsas de tecido reutilizáveis em água quente.

"O que fica na água é carbono", assegura Astete, o que os exames médicos realizados demonstraram que "não tem nenhum efeito no corpo humano".

Para demonstrar que a água turva resultante da dissolução é "inócua" e potável, eles bebem alguns copos.

- Reciclagem doméstica -

"A grande diferença entre o plástico tradicional e o nosso é que aquele vai estar entre 150 e até 500 anos no meio ambiente e o nosso demora apenas cinco minutos. A gente decide quando o destrói", afirma Astete, antes de acrescentar que "hoje em dia a máquina recicladora pode ser a panela de casa ou a máquina de lavar".

A fórmula encontrada permite "fazer qualquer material plástico", razão pela qual já estão trabalhando na produção de materiais como talheres, pratos e embalagens.

Os tecidos solúveis na mesma água quente que serve, por exemplo, para preparar um chá ou um café, podem ser usados para produzir sacolas de compras reutilizáveis e produtos hospitalares como os protetores de macas, batas e gorros do pessoal médico e de pacientes que costumam ter um único uso, explica Olivares.

Os engenheiros chilenos Roberto Astete e Cristian Olivares mostram duas bolsas, uma 
de plástico e outra de material biodegradável em água inventada por eles durante uma 
coletiva de imprensa em Santiago em 24 de julho de 2018 - AFP / Claudio Reyes

E quando chove, como as compras chegam em casa? Os fabricantes podem programar a temperatura à qual tanto os sacos plásticos como os de lixo se dissolvem no contato com a água.

Outra vantagem das sacos é que são antiasfixia, uma causa importante de mortalidade infantil, pois se dissolve em contato com a língua ou as lágrimas.

Com a produção maciça, que pode ser feita nas mesmas empresas que fabricam os plásticos convencionais - basta apenas alterar a fórmula -, o preço de seus produtos pode ser similar ao dos atuais, garantem.

Em um mundo onde em 2014 foram fabricadas 311 milhões de toneladas de plástico e se nada mudar, em 2050, serão produzidas 1,124 bilhão de toneladas, Astete e Olivares esperam dar ao cliente o "empoderamento de ajudar a descontaminar o meio ambiente" porque "a grande vantagem é que o usuário decide quando destruí-la", assegura.

A iniciativa ganhou o prêmio SingularityU Chile Summit 2018 como empreendimento catalizador de mudança, o que rendeu aos inventores um estágio no Vale do Silício a partir de setembro.

Fonte: AFP

PAPA FRANCISCO LEVANTA DEBATE SOBRE MEIO AMBIENTE NO PERU

Região visitada pelo papa sofre com o desmatamento e a mineração ilegal (Foto: Flickr)

23/01/2018

Papa visitou a Amazônia peruana no fim de semana e conversou com indígenas sobre a importância de preservar o meio ambiente

O Papa Francisco desembarcou na Amazônia peruana no último fim de semana para falar da defesa da terra com milhares de indígenas, em um espaço que sofre constantemente com desmatamento e mineração ilegal. No Chile, ao longo da última semana, o pontífice já havia se encontrado com integrantes da tribo Mapuche e destacado os laços entre o meio ambiente e os povos indígenas.

Logo em sua chegada, o papa foi recebido com gritos de “Francis, Francis, você é agora amazônico”. Em seu primeiro evento oficial, a bordo do papamóvel, ele dirigiu-se a uma multidão indígena do Peru e países vizinhos, e falou sobre problemas ambientais que a Amazônia tem enfrentado, incluindo agronegócio, mineração, exploração madeireira e a perfuração de petróleo e gás.

“Nós temos que romper com o paradigma histórico que vê a Amazônia como uma fonte inesgotável de suprimentos para outros países, sem preocupação para seus habitantes. A defesa da Terra não tem outro objetivo que não a defesa da vida. Há que definir limites para ajudar a nos preservar de todos os planos para uma destruição maciça do habitat que nos torna quem somos”, apontou o pontífice, durante um discurso de 20 minutos.

A visita do papa se baseia em seu tratado inovador sobre o meio ambiente: a encíclica de Laudato Si (2015), que orienta fiéis e clérigos sobre as questões ambientais fundamentais. Além disso, a viagem pelos países sul-americanos também serve como planejamento para uma conferência de bispos da Bacia Amazônica, convocada para outubro de 2019. O Papa Francisco, porém, não entrou em assuntos como demarcação territorial ou títulos de propriedade.

“A Amazônia é nossa casa, mas também são os pulmões do mundo. Temos que trabalhar muito mais para parar o desmatamento. Há planos para a soja. Você pode imaginar o que isso fará? Seria devastador”, apontou o reverendo Juan Elias, um sacerdote da selva da Bolívia, em Pando, falando também das intenções do agronegócio com a expansão da Soja.

Indígenas brasileiros

Angelton Arara, do povo indígena brasileiro Arara do Pará, fazia parte da delegação que representava 32 povos indígenas do Brasil, que viajaram ao Peru para apresentar as suas queixas ao papa.

“A igreja tem que fazer com que nossos governos vejam que suas políticas estão destruindo o meio ambiente e nós com isso. Queremos mais apoio da igreja, e queremos que nossos governos sigam o que a igreja diz. Não podemos mais falar. Precisa haver uma ação real, porque estamos sendo mortos enquanto esperamos”, explicou o indígena.

Apenas em 2016, mais de 100 indígenas foram mortos no Brasil, segundo o Conselho Missionário Indígena. Em setembro de 2017, 10 pessoas de um grupo que vive em isolamento voluntário perto da fronteira com o Peru foram assassinadas.

Segundo o papa, os indígenas que vivem em isolamento são os mais vulneráveis, e não devem ser considerados um “tipo de museu de um modo de vida passado”. A maior parte das pessoas que vivem em isolamento voluntário é encontrada na fronteira entre Peru e Brasil.

Mineração ilegal

O diretor do World Wildlife Fund para o clima e energia, Manuel Pulgar-Vidal, que foi ministro do Meio Ambiente do Peru por quase cinco anos, espera que os depoimentos indígenas ajudem a fundamentar a encíclica em questões cotidianas. Além disso, Pulgar-Vida disse que Puerto Maldonado e a floresta amazônica do sudeste da Amazônica oferecem exemplos trágicos sobre a visão do papa.

“É preciso que os sacerdotes sejam capazes não só de falar sobre o meio ambiente, mas de ancorar em problemas reais. Isso não foi feito, e é por isso que a mensagem [da encíclica] não teve o impacto que deveria ter”, apontou Pulgar-Vidal.

Em 2016, o Peru perdeu quase 407 mil hectares de floresta tropical, 5,2% a maios do que em 2015. Entre 2001 e 2016, o país perdeu aproximadamente 4,9 milhões de acres por causa do desmatamento causado pela agricultura, construção de estradas e mineração ilegal. Madre de Dios, o estado no qual Puerto Maldonado é a capital, perdeu mais de 42 mil acres de floresta em 2016.

A mineração ilegal de ouro é a principal responsável pelo desmatamento das florestas em Madre de Dios, causando a contaminação do solo, da água e do ar devido ao uso de produtos tóxicos, como o mercúrio, que é utilizado para extrair ouro do rio. Já quando a mineração ocorre em terra, normalmente o local fica estéril, com poucas plantas retornando depois que os mineradores movimentam.

Mesmo não tendo minas de ouro em larga escala, Madre de Dios produziu 12 toneladas de ouro nos primeiros 11 meses de 2017, segundo o ministério de Minas e Energias, representando pouco mais de 9% da produção de ouro no Peru, que é o sexto maior produtor do minério do mundo. Em 2017, o governo destruiu 284 campos de mineração ilegais, sendo a maioria em Madre de Dios.

“Existe outro assalto devastador a vida ligada a esta contaminação ambiental favorecida pela mineração ilegal. Estou falando de tráfico de seres humanos: trabalho escravo e abuso sexual”, apontou o Papa Francisco. Ainda em 2017, o governo peruano lançou dezenas de investigações criminais ligadas à mineração ilegal, inclusive de tráfico de humanos.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...