PROJETO TRANSFORMA RESÍDUOS DESCARTADOS E COMERCIALIZA EM BAZAR A PREÇOS POPULARES

27/12/2019

Quando eu estava andando pelas ruas de Salvador, fiquei observando um certo aparelho sendo colocado numa carroceria de um veículo, e logo percebi que tratava-se de vários materiais usados. Rapidamente capturei uma foto da instituição e telefone. 

Pesquisei pela internet para saber mais do projeto social e fiquei sabendo sobre a Economia Circular.

Segue a matéria na íntegra:


Móveis e outros objetos são recuperados e revendidos (Marina Silva/Correio)

Por Perla Ribeiro -  Correio 
Publicado em 13.08.2018

Economia circular é um dos temas do Agenda Bahia 2018

Até ser entrevistado para essa reportagem, o coordenador do projeto social Emaús Novos Alagados, Jerry Uilson Magalhães, nunca tinha ouvido falar em Economia Circular. O termo podia ser desconhecido para ele, mas Jerry coloca isso em prática há cinco anos. Todas as terças e quintas-feiras, dois caminhões saem da sede do projeto, em São João do Cabrito, no Subúrbio Ferroviário, e rodam a cidade para buscar objetos que seriam descartados.

Voltam carregados de tudo quanto é coisa: roupas, livros, brinquedos, móveis, TVs, som, geladeira, fogão... Algumas peças estão quebradas. Outras, só estão velhas. Mas, ali, nada se perde.  Assim como propõe a Economia Circular, eles transformam resíduos em produtos.

Por isso, tudo que é arrecadado vai parar em oficinas, onde, com auxílio de técnicos de diferentes áreas, jovens da comunidade aprendem a reparar os objetos e deixá-los prontos para ganhar um novo dono. Não é a toa que o slogan deles é: “O que não serve para você é útil para nós e a natureza agradece”. Depois de repaginados, os produtos são vendidos a preços populares em um bazar mantido na sede do projeto, que acontece todos os sábados, das 9h às 12h. 

Objetos doados são recuperados em oficina (Marina Silva / Correio)

A renda obtida ajuda a manter outras duas crias deles: uma creche comunitária, que atende a 30 crianças 6 meses a 4 anos e uma escola com 85 alunos do pré ao 5º ano. Com as doações eles conseguem fazer, em média, 40 vendas por semana. Após pagamento dos custos com as reformas e pagamento de pessoal, sobram entre R$ 3 mil a R$ 4 mil por mês para investir nos projetos educacionais. Isso é possível porque eles contam com uma rede de 200 a 250 doadores fixos e um número ainda maior de pessoas que fazem doações aleatoriamente.  

Segundo Jerry, as pessoas chegam até eles através de campanhas itinerantes e também da divulgação boca a boca. “O projeto surgiu de uma necessidade nossa. Já fazíamos isso, mas de forma esporádica, mas foi chegando coisas maiores e não tínhamos espaço, foi então que vimos a necessidade de criarmos algo mais estruturado”.

Saiba mais
Economia Circular:  Estabelece uma mudança na lógica de produzir, consumir e transformar resíduos em produtos. 
Ganhos ambientais: Redução de insumos (matéria- prima natural e energia), redução de resíduos
e emissões
Dose dupla

Se por um lado eles sentem que cumprem seu papel de ajudar esse mundo a ser mais sustentável, por outro, quem faz doações se sente recompensado duplamente. É que, além de saber que está colaborando para a redução de resíduos, se vêem livre de algo que não lhe servia mais e sem fazer muito esforço para isso. O único trabalho é  ligar no telefone do projeto (3401-5888) e agendar a coleta.

O administrador Dilson Moura Costa, 55 anos, por exemplo, é um dos colaboradores assíduo. “Sou um defensor da natureza, não gosto de jogar nada fora. É bom saber que o que não serve mais para mim vai ser recuperado e vendido para angariar recursos para a comunidade. Já fui lá conhecer, é um trabalho sério. Toda vez que tenho algo para doar, chamo eles”, diz. Na lista das doações entra beliche, máquina de lavar, micro-ondas, ferro de passar, armário de cozinha, discos, sobras de material de construção.

“Ao mesmo tempo que  contribuo com eles para que o objeto ganhe uma nova utilidade, também saio ganhando. Uma vez comprei um armário novo e, para desmontar o velho, teria que pagar R$ 150. Chamei, eles vieram, desmontaram e levaram o armário, que ainda serviu depois para outra pessoa. Todos ganhamos com isso”, destaca.

Quem também nunca ouviu falar de Economia Circular, mas tem tirado muito proveito dela, é a dona de casa Eliaci Santos Vera Cruz, 40 anos. Ela é uma das clientes assíduas do bazar realizado pelo projeto social Emaús Novos Alagados.

Eliaci conta que vai juntando todo dinheirinho que consegue guardar e, sempre que chega novidades, o pessoal avisa e ela vai conferir. “Já comprei colchão de casal, de solteiro, sofá. Minha casa toda é do bazar. E são coisas boas e semi-novas, que se fosse comprar em loja teria que pagar caro. Meu sofá de canto mesmo, todo mundo que vem aqui em casa  diz que é lindo, e eu fico me sentindo”, diz, com graça.

Para que serve a economia circular?
Ganhos sociais:   Oportunidades para novos postos de trabalho,  novos usos na cadeia produtiva, desperta o senso de comunidade, cooperação e participação, estimula o consumo compartilhado e não individualizado;
Ganhos econômicos:   Redução de perdas e desperdícios, geração de novos mercados por conta do valor dos recursos renováveis

Workshop reuniu especialistas e representantes da sociedade civil 
(Foto: Arisson Marinho/Correio)


Cidade pode receber centro de excelência

A Cátedra Unesco de Sustentabilidade quer criar um centro internacional de excelência em Economia Circular e Sustentabilidade e Salvador está entre uma das cidades cotadas para recebê-lo. A informação foi divulgada durante o workshop Economia Circular: Ecossistemas para as Cidades do Futuro, que aconteceu no seminário Sustentabilidade do Agora, no Fórum Agenda Bahia 2018, pelo professor da Ufba e pesquisador associado da Cátedra Unesco de Sustentabilidade, Paulo Gomes. “Para concretizar isso,  precisamos de apoios. Se juntarmos todos nesse propósito, a chance de acontecer será maior”.

No workshop, capitaneado por Adriana Campelo, diretora de Resiliência da prefeitura de Salvador e Chief Resilience Officer - CRO da iniciativa 100 Resilient Cities (100 Cidades Resilientes) da Fundação Rockefeller, especialistas trouxeram exemplos do que tem sido feito para alavancar a Economia Circular. “A gente precisa ser engenhoso, criativo, ver que recursos a gente pode usar”, disse Adriana.

Divididos em grupos, os participantes do workshop lançaram propostas para mudar a lógica de produção, consumo e transformação de resíduos na capital baiana (veja abaixo). Parte dessas ideias será incorporada ao Plano de Resiliência de Salvador, que tem precisão de ser lançado em dezembro.

Ideias propostas no workshop:
>>Tornar  a escola um espaço vivo para se pensar a Economia Circular
>>Regulamentação  das diretrizes para o fortalecimento da Economia Circular
>>Criação  de um comitê de sustentabilidade para fiscalizar as empresas
>>Estímulo  ao consumo de produtos de empresas que façam reciclagem ou reuso de embalagens
>>Implantação  de micro-centros de compostagem e reciclagem nos bairros de Salvador
>>Fomentar  projetos com foco em tecnologia de processamento de resíduos
>>Criação  de centros de logística reversa para o consumidor deixar objetos quando for comprar um novo

O subsecretário municipal da Cidade Sustentável e Inovação (Secis), João Hersh destacou que Salvador gera 3 mil toneladas de resíduos por dia. “A cidade tem que começar a mudar a forma de lidar com isso. Todo material descartado pelo cidadão teria que retornar para o distribuidor, fornecedor ou indústria, numa lógica reversa. Mas para isso, é preciso que cada um assuma a sua responsabilidade nesse processo. Tem que haver engajamento setoriais” defendeu. 

Já o vice-diretor regional para a América Latina do C40, Ilan Cuperstein, foi mais além. Ele disse que há uma estimativa de que para cada quilo de resíduo que a gente descarta, são 70 quilos que estão sendo descartados com ele em toda a cadeia, desde o início da produção até o descarte geral. “Isso torna ainda mais crucial pensar em como não gerar resíduos e gerar recursos. É preciso parar de pensar em resíduos e pensar em gestão recursos”, defendeu.

Apesar de ponderar o impacto dos resíduos no meio ambiente, Cuperstein ressaltou que a Economia Circular não se resume a gestão de resíduos. “É uma mudança muito mais profunda de paradigmas, do que só olhar como uma  gestão mais eficiente dos resíduos. Apesar de que, uma gestão mais eficiente dos resíduos começa com uma mudança mais estrutural de como a cidade está organizada”. 

Já a gerente de Eficiência do Grupo Neoenergia, Ana Mascarenhas, citou o projeto Vale Luz, que troca resíduos por desconto na conta de energia. “Todo resíduo é passado para a cooperativa e é ela que paga o consumidor. A gente conseguiu que comunidades populares zerem a conta de luz”.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Revita e Oi, e apoio institucional da Prefeitura de Salvador, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Fundação Rockefeller e Rede Bahia.

Fonte: Correio


Um comentário:

  1. Thanks for sharing the information. Really this is a useful blog. Apart from this article, I learned about hammerhead shark which is the largest of all hammerhead species.

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