A GRIFE DO COCO

"Neste ano, a meta é vender 41 milhões de litros de bebidas, mas dobrando a receita" 
Roberto Lessa Ribeiro Junior, CEO da Aurantiaca (Crédito: Gabriel Reis)

12/07/2018

A marca Obrigado investe para vender água pura da fruta e também as saborizadas. O mercado desse tipo de bebida atrai cada vez mais consumidores

Béth Mélo

Na praia, uma companheira inseparável de Ribeiro Junior tem sido uma boa água de coco. Mas se engana quem pensa encontrá-lo de bermuda e chinelo, empunhando um canudinho. Cenas assim estão reservadas aos dias de lazer. Ribeiro Junior é hoje o CEO da Aurantiaca, dona da marca de água de coco Obrigado. No ano passado, a receita foi de R$ 70 milhões com a venda de 32 milhões de litros de bebidas embaladas em caixas cartonadas do tipo longa vida, como a Tetra Pak. “Queremos mais para 2018”, diz ele. “Neste ano, a meta é vender 41 milhões de litros, 30% a mais, mas dobrando a receita.” O plano é aumentar a venda de água de coco pura, mas a aposta maior são as saborizadas com frutas e ervas. A Aurantiaca, no Brasil desde 2006, pertece ao grupo americano Cilento, que tem como sócios o holandês radicado no Brasil, Piet Henk Dorr, e o investidor americano Willem Kooyker, 74 anos. Kooyker comanda o Blenheim Capital Management, de Berkeley, fundo que gerencia US$ 5 bilhões. “Quando iniciamos o projeto não havia no norte da Bahia uma indústria importante do setor”, diz Ribeiro Junior.

A estratégia de expansão da Aurantiaca começou a ser implantada em 2014, ano em que vendeu três milhões de litros de água de coco. Em 2017, a empresa processou 13 milhões de litros. Desse total, 12 milhões de litros foram de água pura da fruta, e um milhão de litros foram temperados com polpa de frutas e ervas de sabores exóticos, como jabuticaba, capim santo, gengibre e chá verde. “As saborizadas, no portfólio desde 2016, somaram 19 milhões de litros e atraem cada vez mais consumidores” afirma Ribeiro Junior. No ano passado, a empresa criou uma linha à base de leite de coco para beber, misturado com maracujá, manga ou cacau, diferente do produto culinário.

Expansão: para ampliar a oferta de bebidas, mais 524 hectares de coqueirais estão sendo 
incorporados aos 2,1 mil hectares já cultivados no litoral da Bahia (Crédito:Divulgação)

Para dar conta da expansão, até o fim do ano estão sendo plantados mais 524 hectares de coqueirais, que serão incorporados à atual lavoura de 2,1 mil hectares. A empresa possui 7,2 mil hectares no litoral baiano, dos quais 70% são áreas de vegetação nativa. O Brasil é o maior produtor de água de coco do mundo. No ano passado, o País consumiu 157,4 milhões de litros da bebida pura, envasados em caixinhas. Essa cadeia movimentou R$ 2,2 bilhões, segundo a Euromonitor Internacional, empresa global de consultoria e estratégia de mercado. O crescimento foi de 6% em volume e de 13,5% em receita. Nessa conta não está o consumo de água da fruta in natura. “Quando se trata de apelo saudável, o coco é um destaque nas mentes dos consumidores”, diz Angélica Salado, analista de pesquisa da Euromonitor. “A categoria embalada é uma bebida de estilo de vida e está emergindo como um produto de ingredientes naturais, facilmente identificáveis”, afirma Howard Telford, também analista da consultoria. Segundo o engenheiro agrônomo e consultor Luiz Angelo Mirizola Filho, o País está à frente no processamento da bebida, por apostar em variedades da fruta para a indústria. “O Brasil é imbatível na produção de coco anão, que é exclusivo para água de coco”, diz ele.

O Brasil é o quarto maior produtor global da fruta. São 284 mil hectares, com colheita de dois milhões de toneladas de coco. A produção mundial da fruta é de 60,7 milhões de toneladas, em 11,2 milhões de hectares, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Na Ásia estão 71% da área cultivada, com as Filipinas e a Indonésia no topo da lista, mas a produção é para óleo e fruta seca.

No mercado interno, de acordo com a Euromonitor, a marca Obrigado ocupa a quinta posição entre as processadoras de água de coco. Ela está atrás da Kero Coco, que pertence à americana PepsiCo, e das brasileiras Ducoco, Sococo e Coco do Vale, todas com sede no Nordeste. Essas empresas também estão na briga por uma fatia do mercado global de bebidas à base de água da fruta. Não por acaso, no ano passado, os Estados Unidos ultrapassaram o Brasil no consumo da bebida. Foram 217 milhões de litros. A Europa vem em terceiro lugar, com 76 milhões de litros.

De olho nesse potencial, em 2016 a Aurantiaca abriu escritórios nos Estados Unidos e na Holanda. Em 2017 foram exportados 2,5 milhões de litros de água pura da fruta, ante 300 mil litros no ano anterior. “Nossa meta é exportar 75% da produção”, diz Ribeiro Junior. “Queremos essa marca em cinco anos.” A Aurantiaca, que já investiu R$ 570 milhões, desde que se instalou no País, vai aplicar mais R$ 400 milhões nas próximas cinco safras. Ela quer aumentar os coqueirais e desenvolver outras bebidas. A meta é levar a receita a R$ 1 bilhão por ano. No mercado interno, a tática tem sido as parcerias. Desde janeiro, a rede americana de cafeterias Starbucks tem a Obrigado como marca exclusiva. O mesmo vale para a água Bonafont, da Danone, que passou a distribuir a bebida à sua rede de clientes.


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