Presidente do Haiti alerta para emergência alimentar no país

O Furacão Matthew provocou a morte de 546 pessoas no Haiti e grande destruição - AP

15/11/2016

Roma (RV) – A comunidade internacional não está cumprindo o seu compromisso em favor da reconstrução do Haiti. A denúncia é do Presidente interino, Jocelerme Privert, que em uma entrevista à BBC, falou das perdas devastadoras provocadas pelo Furacão Matthew.

Os danos provocados pela passagem do furacão, em 4 de outubro, correspondem ao PIB do Haiti. O Presidente falou à BBC nos dias passados, denunciando uma crise alimentar sem precedentes e o aumento da taxa de desnutrição. Ele fez um premente apelo para uma rápida intervenção da comunidade internacional, pois aquilo que foi feito até agora “não é o suficiente”.

O furacão,  elevado à Categoria 4, devastou grande parte do Haiti, atingindo mais de dois milhões de pessoas. O governo estima que 1,5 milhões de haitianos têm necessidade de assistência imediata, entre eles, os mais de 140 mil que vivem em abrigos temporários.

Sem um aporte econômico imediato que apoie a retomada da agricultura – explica ainda Privert – a situação somente irá piorar. O risco é que em três ou quatro meses nos encontraremos em uma grave crise alimentar.

Assiste-se a uma propagação da fome, denunciam também as organizações não governamentais que trabalham no país. O Haiti, antes da devastação provocada pelo furacão, já enfrentava três anos de seca, ou seja, já era marcado por altos níveis de desnutrição.

Federico Palmas,  responsável por uma das ONGs que atua no país (GVC Itália), falou aos microfones da Rádio Vaticano:

“Infelizmente, este tufão chegou com uma pontualidade terrível em relação ao calendário agrícola: dizimou praticamente toda a segunda colheita anual, de uma população que vive principalmente da agricultura de subsistência, sobretudo naquelas áreas. Penso que nos Departamentos de Grand-Anse, do Sul, e de Nippes - que são as três mais atingidas pelos ventos de mais de 100 km horários – o furacão tenha destruído até 80% das colheitas. Isto leva a uma situação em que 1 milhão e meio de pessoas estão em situação de fome neste momento. E estarão assim nos próximos meses, porque além do impacto imediato, danificou também aquilo que deveria ser colhido, destinado ao suprimento das necessidades alimentares para toda a seguinte estação seca”.

RV: Falando em termos econômicos, de quanto teria necessidade atualmente o Haiti para reconstruir aquilo que o Matthew destruiu?

“Para reconstruir tudo aquilo que o Matthew destruiu, provavelmente será necessário mais, no entanto, as estimativas para as operações de life-saving para os próximos três meses, fala-se de 120 milhões de dólares. Destes, cerca de 70 são necessários para resolver o problema alimentar, da segurança alimentar e da nutrição em geral. Claramente, a segunda emergência é aquela relativa à disponibilidade de água para o consumo humano e para conter os possíveis focos do cólera, assim como de toda uma série de outras doenças ligadas à contaminação da água”.


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