Foto: Nick Fortescue |
11/09/2015
Profissionais já estão atuando remotamente e poderão ir à campo em setembro, como voluntários ou em cargos remunerados
Após ajudar na luta contra a epidemia de Ebola na África Ocidental, por meio de um tablet resistente ao cloro, o Project Buendia, sistema de registro médico voltado para ajuda humanitária, agora será implementado em projetos da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) de combate à desnutrição no continente africano a partir de setembro. Para ajudar nesta nova etapa do projeto, foram recrutados engenheiros de software, desenvolvedores, agentes de saúde e nutricionistas, que estão atuando como voluntários ou contratados.
Criado a partir de uma parceria entre MSF, o Google Crisis Response e a Escola de Medicina de Harvard, o Project Buendia visa envolver cada vez mais profissionais no contexto humanitário. “Nosso projeto precisará de vários contribuintes durante sua vida útil, tanto do mundo tecnológico quanto do universo médico-humanitário”, diz Ivan Gayton, consultor de inovações tecnológicas de MSF. Segundo ele, todas as vagas disponíveis para o momento já foram preenchidas, mas, no futuro, pode haver outras oportunidades.
A nova fase do Project Buendia modificará o software de uma ferramenta já existente, usada inicialmente em setembro do ano passado, durante o pico do surto de Ebola. Na época, com o intuito de melhorar a transferência de informações sobre pacientes, foi desenvolvido um tablet que pode ser mergulhado no cloro em até 10 minutos, tempo necessário para eliminar quaisquer indícios do vírus e, assim, evitar a contaminação. “A aplicação para o Ebola tinha um código muito difícil; não tínhamos tempo para construir algo geral e depois adaptá-lo para o Ebola”, explica Ivan Gayton, que afirma que projetos de desnutrição permitirão essa flexibilidade.
Segundo o consultor, tecnicamente, serão concentrados esforços no aprimoramento de mecanismos já utilizados por MSF, como o OpenMRS, um sistema de registro médico, mas que não é tão eficiente em dispositivos móveis; o OpenDataKit (ODK), este, sim, um sistema móvel, para coleta de dados; um aplicativo Android que mostra a ficha do paciente; e um servidor local implementado em um Intel Edison (um microcomputador), que consome pouquíssima energia e não precisa de conexão de internet. Assim, mesmo em locais remotos com recursos precários – cenário da maioria dos projetos de MSF –, seja pela perspectiva humanitária ou a partir do ponto de vista tecnológico ou elétrico, por meio do Project Buendia, os profissionais terão mais facilidade para coletar dados e realizar análises adequadas, a fim de monitorar o estado dos pacientes e da crise, neste caso, de desnutrição.
“A chave é fazer essas coisas funcionarem em um ambiente de profunda dificuldade”, diz Ivan Gayton. “A lan house mais próxima fica muito distante e o suporte técnico de Tecnologia da Informação é quase inexistente. Adicione a isso a exigência de extrema urgência com que os profissionais médicos precisam realizar seu trabalho”, acrescenta ele.
O Project Buendia pretende ainda generalizar seu sistema para que ele possa ser inserido em outros contextos humanitários com os quais MSF atua, como conflitos armados, desastres naturais e epidemias. Segundo Ivan Gayton, a desnutrição na África será o cenário dessa nova etapa, pois essa é uma condição frequentemente presente e que seria positivamente impactada por uma simples melhoria na oferta e no acesso a cuidados de saúde.
Informações
Para mais informações sobre o Project Buendia, acesse http://projectbuendia.org/
A desnutrição é uma das maiores causas de mortalidade infantil – estima-se que nove crianças morram a cada minuto devido à falta de nutrientes essenciais em suas dietas.
Para tratá-las, MSF estrutura centros de nutrição terapêutica, onde oferece cuidados médicos e distribui alimentos terapêuticos. Em lugares onde a desnutrição pode se tornar grave, a abordagem de MSF é preventiva, com a distribuição dos alimentos para crianças em situação de risco.
Em 2014, MSF tratou 217.900 casos de desnutrição grave em seus programas intensivos e ambulatoriais.
Fonte: MSF
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