A água e nós

23/02/2015

Por Luiz Carlos Amorim*

O sol deste verão está muito forte e tem chovido pouco onde é preciso que chova muito para encher reservatórios de água que abastecem muitas cidades. Mas temos tido tempestades e enchentes, em muitos lugares, depois de um Janeiro muito seco. As temperaturas têm passado de trinta e se aproximado dos quarenta. E a sensação térmica já superou os quarenta.

No sol, termômetros já mediram mais de cinquenta graus. É um verão muito quente. No dias que não chove, tenho que molhar as plantas em meu jardim, até duas vezes por dia. Plantas resistentes como morango murcham e começam a morrer sob o sol inclemente. Os pés de manjericão ficam ressecados, as folhas param de crescer e ficam secas. Não dá para plantar uma verdura, nesta época, porque não vinga.

Isto me faz pensar na estiagem em tantos lugares pelo Brasil, que faz secar os reservatórios e desaparecer a água tão necessária nas torneiras dos brasileiros. Sem água não há vida e, ao mesmo tempo que falta água potável, temos tempestades de verão que fazem com que muitas pessoas percam tudo nas enchentes, deslizamentos, etc. Na verdade é irônico, pois temos enchentes quando falta água na torneira, mas há muito tempo falta planejamento na gestão da coisa pública, pois deveríamos ter pensado há décadas no que está acontecendo hoje, para prevenir. E deveríamos ter feito melhor manutenção, renovação e ampliação das nossas redes de distribuição de água, assim como fazer planejamento para o aumento na captação e no tratamento. Os rios estão secando, os reservatórios, poucos para o consumo atual, também.

Os encanamentos envelhecem e ficam obsoletos, com vazamentos que não podem ser tolerados hoje em dia e a população, por sua vez, vai aumentando dia a dia, sem que a produção de água seja pensada para acompanhar esse crescimento. Meu pequeno jardim eu posso regar, pois o gasto de água é pouco e eu guardo água da chuva para isso: tenho três caixas de água que previnem a falta de água na minha casa, que nestes últimos dias chegaram a três dias continuados. Por causa da chuva, das tempestades e das enchentes, que inviabilizam o tratamento de água que é precário e insuficiente, vejam que contraponto: muita água lá fora e nada de água nas torneiras. 

Será que todo esse descontrole do clima tem a ver com o nosso cuidado com o meio ambiente? Dúvida cruel, não?

Alguns gestores da coisa pública, ao invés de planejarem a longo prazo as providências para que a água não falte, querem cobrar mais caro a água que os cidadãos consomem! Só que esse dinheiro, todos sabemos, não vai ser usado para prevenir a falta d´água. Infelizmente.

Há que os conscientizarmos que a natureza não aceita o pouco caso de nós, seres humanos. Ela está cobrando o preço do descaso, do desrespeito, do deboche. Precisamos acordar, será que há tempo?

* Luiz Carlos Amorim  é escritor e editor. – Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br


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