Morre aos 87 anos o agrônomo Yoshio Tsuzuki, referência da agroecologia

Yoshio Tsuzuki (Foto: Virgínia Knabben/Arquivo Pessoal)

07/08/2016

Nascido e criado no Japão, ele veio para o Brasil em 1953, onde se tornou um dos principais nomes do manejo sustentável e ecológico

Morreu na manhã desta sexta-feira (5/8) o agrônomo e produtor orgânico Yoshio Tsuzuki, um dos mais importantes pesquisadores da agroecologia e da agricultura orgânica no Brasil.  Ao lado de nomes como a engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi, Tsuzuki ensinava, na prática, como lidar com a terra de maneira sustentável e ecológica.

Filho caçula de Masao e Tsune Tsuzuki, Yoshio nasceu em 11 de julho de 1929 na província de Ehime, no Japão. Formou-se agrônomo pela Faculdade de Agronomia da Universidade de Osaka e chegou ao Brasil em 1953, a convite de seu tio, Tokio Tsuzuki.

Entre 1954 e 1958, Yoshio trabalhou como agrônomo na Cooperativa Agrícola de Cotia e, em seguida, foi para a Bayer, onde atuou como vendedor de agrotóxicos de 1959 a 1963. Na biografia Ana Primavesi, histórias de vida de de agroecologia, Virgínia Knabben dedica um capítulo a Tsuzuki, relatando que, na companhia, ele era o campeão de vendas. “Das 9 mil toneladas produzidas, um terço, ou 3 mil toneladas, eram vendidas por ele”, diz o texto.

Com o tempo, Tsuzuki percebeu o aparecimento de pragas resistentes aos venenos e, mesmo tendo ganhado muito dinheiro com a venda de agrotóxicos, decidiu mudar de carreira. "Quem fazia tudo direitinho e não precisava usar tanto veneno, mas só um pouquinho, acabava comprando e usando sempre a mais para bater a meta de vendas e obter descontos”, disse Tsuzuki em depoimento à autora.

Em 1970, o agrônomo deixou de comercializar inseticidas e herbicidas e, dois anos depois, comprou uma chácara em Cotia, no bairro do Tijuco Preto, onde passou a pesquisar a agricultura orgânica. Lá, aprendeu a trabalhar com a enxada e a preparar o solo, que ele, mesmo sendo agrônomo, não sabia manejar. 

Em quatro anos, a chácara tinha 2,5 hectares de plantio de hortaliças e três mil galinhas, criadas de maneira totalmente diferente do que se fazia nas granjas convencionais da época.

Tsuzuki costumava dizer que sua vida era dividida em duas partes: "até 1970, cheia de agrotóxicos, ganhando bastante dinheiro. Depois de 1971, 1972, sem agrotóxico, nenhum grama de agrotóxico". 

Em 1989, Tsuzuki ajudou a criar a Associação de Agricultura Orgânica (AAO) e, desde então, passou a oferecer cursos práticos de horticultura orgânica em sua granja.

“O equilíbrio do solo sempre está mudando, nunca é estável. Esta é uma das leis da natureza mais importantes. Pensando globalmente, é preciso ter uma base e depois se ajustar, conversando com as plantas. As próprias plantas ensinam o que está faltando ou sobrando. São plantas indicadoras”, diz Tsuzuki em um dos trechos do livro. 

Yoshio Tsuzuki deixa seis filhos e um importante legado para a agroecologia brasileira.



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