Sandy passou de furacão para ciclone ao tocar solo dos EUA; entenda


Imagem de satélite mostra Sandy sobre a Costa Leste dos EUA nesta terça-feira (30) (Foto: AP)

30/10/2012

Fenômeno teve início no Caribe,atingindo Cuba, Jamaica e Haiti.
Serviço climático disse que tempestade deve entrar para livro dos recordes.

Eduardo Carvalho
Do Globo Natureza, em São Paulo

O furacão Sandy, que tocou a Costa Leste dos Estados Unidos nesta segunda-feira (29) e que já matou pelo menos 15 pessoas no país e uma no Canadá, se aproximou da região continental norte-americana classificado como furacão de categoria 1, tendo sido "rebaixado" para ciclone extra-tropical assim que tocou o solo -- o que não retirou seu poder destrutivo.

O fenômeno teve origem na região do Caribe e, antes de castigar os EUA, afetou áreas da Jamaica, de Cuba e do Haiti, provocando ao menos 67 mortes.

Mas como nasce um furacão e como funciona sua categorização? O meteorologista Marcelo Schneider, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que o fenômeno climático é resultado da combinação de alta temperatura na superfície do oceano, elevada quantidade de chuvas e queda da pressão do ar (sistema que favorece uma subida mais rápida do ar e uma constante evaporação da água do mar).

"Esse sistema costuma se formar em áreas próximas à Linha do Equador. Sem ventos inicialmente, o calor do oceano (2 ºC a 3 ºC acima do normal) provoca uma evaporação rápida da água, formação de nuvens e de chuva. Com a precipitação, a temperatura ao redor da nuvem aquece e provoca uma queda da pressão atmosférica na superfície do mar. Na prática, isso provoca ventos favoráveis à formação de chuva", disse.

Ele explica ainda que, com a queda da pressão do ar, os ventos se intensificam e começam a se movimentar no oceano (em espiral), podendo atingir o continente.

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Categorias de furacões
De acordo com a Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera (NOAA, na tradução do inglês), instituto do governo dos EUA responsável pelo monitoramento climático, a temporada de furacões no Oceano Atlântico em 2012 teve início em 1º de junho e deve se encerrar em 30 de novembro. O fenômeno Sandy é o 10º furacão na região e a 18ª tempestade tropical do ano.

Os furacões se dividem em cinco categorias de força pela escala Saffir-Simpson. Fenômenos classificados na categoria 1 têm ventos de até 152 km/h. Tempestades com ventos entre 153 km/h e 176 km/h estão na categoria 2.

Furacões com ventos entre 177 km/h e 207 km/h são classificados na categoria 3. Foram classificados neste patamar os fenômenos Katrina, que devastou Nova Orleans em 2005, e matou 1.700 pessoas, e Glória, que 1985 atingiu a região da Carolina do Norte e Nova York e causou oito mortes.

Na categoria 4, os ventos têm velocidade entre 209 km e 250 km. Já os furacões classificados na categoria 5 são aqueles que registram ventos com velocidade acima de 251 km/h, de acordo com o meteorologista do Inmet.

Mudanças no caminho
O furacão Sandy perdeu sua força ao tocar o solo na região de Nova Jersey na noite desta segunda-feira (29) e foi reclassificado como tempestade extra-tropical. Schneider afirma que, apesar da mudança do nome, a potência do fenômeno climático continua destrutiva, já que a velocidade dos ventos pode variar entre 63 e 117 km/h.

“Sua força foi reduzida porque perdeu o contato direto com a água quente do oceano, considerada o principal combustível para o furacão. Mas ao entrar em contato com o continente, encontrou temperaturas mais frias e se reorganizou como um ciclone extratropical, que segue rota da área sul da Costa Leste para a área norte do país”, disse.

Boletim divulgado às 5h (horário de Brasília) pela NOAA, apontava que os ventos na região do estado da Pensilvânia estavam em 105 km/h. Já a quantidade de chuva causada pelo furacão era de 295,15 mm na cidade de Wildwood Crest, no estado de Nova Jersey.

Relação com o aquecimento global?
O meteorologista disse que a formação de furacões na região do Atlântico Norte tem a ver com uma variabilidade natural da temperatura do oceano, que sofre alterações a cada período de aproximadamente 50 anos.

Schneider afirma que desde 1995 há registro de elevação da temperatura da água do oceano em uma área que compreende o litoral do Nordeste do Brasil, a região do Caribe (na América Central) até próximo à Groenlândia – compreendendo a Costa Leste dos Estados Unidos. “Não é nada fora do comum, é uma consequência direta dessa elevação natural”, disse.

Pesquisa divulgada neste mês na revista da Academia Nacional de Ciências dos EUA, a "PNAS", sugere que tempestades tropicais de grande porte podem ocorrer em períodos espaçados entre 10 anos e 30 anos. Os cientistas temem que a contínua elevação da temperatura global possa acentuar ainda mais o número de eventos extremos pelo planeta.

29 de outubro - Skyline de Manhattan sob blecaute durante passagem de Sandy (Foto: Reuters)

Para o livro dos recordes
Christopher Vaccaro, porta-voz da NOAA, disse ao G1 que uma possível conexão do furacão Sandy com a mudança climática será foco de pesquisas futuras de cientistas da instituição. No entanto ele afirma que o tamanho e a força desta tempestade são bem inesperados para essa parte dos Estados Unidos.

“O alcance e a abrangência dos impactos desta tempestade, que vão de inundações costeiras a nevascas em regiões montanhosas vão colocar essa tempestade no livro dos recordes”, explicou o porta-voz do Serviço Nacional do Clima dos Estados Unidos ao G1.

Fonte: G1 Natureza


Um comentário:

  1. Exclente postagem!!!!
    Amei tudo que li aqui, vc está no caminho certo, precisamos de postagens como a sua.
    Abraço fraternal
    Nicinha

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