Pela primeira vez neste ano um filhote semialbino de baleia-franca foi avistado, na semana passada, em Santa Catarina. Foi na praia de Itapirubá, entre os municípios de Imbituba e Laguna, no litoral sul de Santa Catarina. As baleias semialbinas nascem brancas e, com o tempo, escurecem até atingir uma cor acinzentada. Elas não ficam totalmente pretas, como as baleias-francas mais comuns.
Segundo Karina Groch, diretora de pesquisa do projeto, o sobrevoo do dia 10 de setembro registrou o segundo maior recorde de baleias do estado. Elas são contabilizadas desde 1987. Foram avistadas 172 baleias entre as praias do sul de Florianópolis e a de Torres, na divisa com o Rio Grande do Sul. A maior ocorrência data de 2006, quando o projeto avistou mais de 200 animais na mesma região. Todos os anos, na temporada de julho a novembro, as baleias francas aparecem no litoral catarinense em busca de um ambiente mais quente e livre de predadores.
"Elas vêm todos os anos e têm seus filhotes aqui. As águas são mais quentes e mais protegidas, sem predadores naturais, como orcas e tubarões", diz Groch. O sobrevoo registrou muitas baleias juvenis, o que demonstra que esses casos vêm aumentando em águas brasileiras nas últimas temporadas. As fêmeas adultas ficam nas praias de Santa Catarina por cerca de dois meses, até que seus filhotes estejam prontos para voltar ao habitat natural, na Antártica.
A baleia-franca é um dos gigantes dos mares, podendo chegar até a 17 metros de comprimento e pesar 60 toneladas. Ela está entre as espécies de cetáceos mais ameaçadas de extinção. Ela recebe esse nome justamente por ser um animal dócil, que se aproxima da costa e de barcos e, portanto, sempre foi um alvo fácil para a caça. Em 2000 o governo federal criou uma Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, de 130 km ao longo da costa entre Florianópolis e o Cabo de Santa Marta, em Laguna. Há cerca de 8 mil baleias-francas em todo o planeta. No século XVIII, entre 1740 e 1742, estabeleceu-se nas proximidades da Ilha de Santa Catarina a primeira armação baleeira, denominada Nossa Senhora da Piedade (hoje no município de Governador Celso Ramos). Seguiram-se a armação da Lagoinha, em 1772, hoje praia da Armação em Florianópolis; ao Norte, a Armação de Itapocorói, na região de Piçarras/Penha, em 1778; a da Ilha da Graça em 1807, próximo a São Francisco do Sul, e ao Sul, a de Garopaba, erguida entre 1793 e 1795.
Os recursos obtidos com a caça à baleia em Santa Catarina no período colonial foram fundamentais para a consolidação das povoações da costa catarinense. Porém essa caça indiscriminada fez com que já em princípios do século XIX o número de baleias-francas capturadas despencasse, colocando a espécie já à beira da extinção e as armações catarinenses à beira da falência.
Segundo depoimentos recolhidos entre antigos caçadores de baleias catarinenses, aproximadamente 350 baleias-francas foram mortas entre 1950 e 1973. Em 1973 a captura de um animal medindo cerca de 14 metros de comprimento, em Imbituba, assinalou o fim da indústria baleeira catarinense. Ela foi considerada extinta em águas brasileiras. Porém, com o término da caça, a partir dos anos 80 a população de baleias começou a dar sinais de recuperação, principalmente após a criação da área de proteção, em 2000.
Praticada em todo o mundo, a observação de baleias, ou whalewatching, movimenta algo em torno de US$ 1 bilhão ao ano em diversas regiões do planeta. Na APA da baleia-franca essa modalidade de turismo tem algumas vantagens que tornam a atividade extremamente viável. A principal delas é que entre os meses de junho e novembro as baleias-francas se aproximam bastante da costa na região, possibilitando que o turismo de observação seja realizado sem a necessidade de grandes deslocamentos.
Na região, o turismo de observação é realizado embarcado, sempre com o acompanhamento de técnicos que prestam assessoria aos turistas e às empresas responsáveis pelo desenvolvimento da atividade. Durante o passeio das embarcações geralmente é possível observar pares de mãe e filhote nadando paralelamente à costa, muitas vezes expondo a enorme nadadeira peitoral ou a cauda. Quando o visitante está com sorte, pode ver o animal dando saltos fora da água.
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