DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE COMPLETA 50 ANOS

Ainda há muito a ser feito pelas transformações e  políticas ambientais
nacionais e internacionais (Ilustração: Shutterstock )

04/06/2022 

Criada pela ONU, data traz para 2022 o tema “Uma só terra”

Chamar a atenção globalmente para as questões ambientais urgentes da atualidade. Este é o maior objetivo do Dia Mundial do Meio Ambiente - 5 de junho - criado no ano de 1972, juntamente com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano, contendo diretrizes para a governança ambiental no mundo. Ao longo desses anos, as discussões ganharam importância e o trabalho de conscientização cresceu, mas ainda há muito a ser feito pelas transformações e pelas políticas ambientais nacionais e internacionais. 

A cada ano, a comemoração gera em torno de um tema. Para 2022, a ONU escolheu reforçar a campanha “Uma só terra”, que além de marcar os 50 anos da Conferência de Estocolmo de 1972, alerta para a urgência da mudança global em prol da preservação do meio ambiente. A proposta é fazer com que cada pessoa se sinta integrada às ações ambientais coletivas e motivada a viver uma vida mais sustentável, em harmonia com a natureza, promovendo mudanças a partir do apoio às políticas públicas e de escolhas pessoais, como por exemplo adotar um estilo de vida menos poluente. É preciso incorporar que o planeta é a nossa casa e a preservação de todos os recursos finitos é uma responsabilidade de cada pessoa.  “Agora, assim como há cinco décadas, é fundamental tomarmos novas ações urgentes em prol de um planeta saudável para a prosperidade de todos e todas, afirma Regina Cavini, representante adjunta do Programa da ONU para o Meio Ambiente (PNUMA) no Brasil.

Este ano, a Suécia voltou a ser a anfitriã da conferência anual e lá também foi realizada a Estocolmo+50, nos dias 2 e 3 de junho. Na pauta das discussões, o foco foi em três pilares: ação climática, ação na natureza e ação na poluição. O encontro representou uma aceleração nos esforços para cumprir a Agenda de 2030 de modo a alcançar uma recuperação sustentável pós-COVID-19. Participaram da conferência mais de dez chefes de Estado/governo e mais de 90 ministros de 130 Estados-membros participantes, bem como representantes da sociedade civil e do setor privado.

Desde que foi instituído, o Dia Mundial do Meio Ambiente passou a ser uma plataforma de sensibilização para as questões ambientais. Ao longo dos anos, temas importantes foram discutidos: restauração dos ecossistemas, biodiversidade, poluição do ar, poluição plástica, crimes ambientais contra a vida selvagem, consumo consciente, aquecimento global, desperdício de alimentos, economia verde, mudanças climáticas, água, camada de ozônio…

Compromissos da anfitriã 

Após ter sido palco da Conferência de 1972, a Suécia avançou nas questões ambientais e nos investimentos voltados para a preservação e proteção ambiental. O país adotou uma meta climática de longo prazo com o objetivo de zerar as emissões líquidas até 2045. Cinquenta anos depois, voltar a sediar o encontro representou um compromisso e uma grande ambição para o futuro. 

"Como uma anfitriã orgulhosa do Dia Mundial do Meio Ambiente 2022, a Suécia destaca as preocupações ambientais mais urgentes e apresenta as iniciativas do nosso país e os esforços globais para enfrentar as crises do clima e da natureza. Convidamos comunidades de todo o mundo a participar das importantes discussões e celebrações", ressaltou Per Bolund, Ministro de Meio Ambiente e Clima e Vice-Primeiro Ministro da Suécia. 

Ações que fazem a diferença 

Em diferentes partes do Brasil e do mundo, há pessoas atuando em ações e iniciativas que já se tornaram uma missão de vida com o intuito de promover a restauração e a preservação do meio ambiente e assim ajudar a construir um planeta melhor para essa e as próximas gerações. Veja aqui alguns exemplos! 

Rondônia - Os indígenas Paiter Suruí já realizaram duas edições da ação NFTs de Impacto para comercializar, por meio da plataforma Mercado Bitcoin, obras digitais autênticas - ilustrações e fotografia. O objetivo da iniciativa é levantar fundos para colaborar com projetos de impacto social e ambiental. O dinheiro também é usado para monitorar o território Sete de Setembro e financiar outras iniciativas sustentáveis, como a preservação de 13 mil hectares de floresta.

O cacique Almir Suruí ressalta, ainda, que com o dinheiro das vendas das obras digitais é possível investir em tecnologia e aquisição de drones, GPS e computadores para geoprocessamento, bem como para identificar algumas ações para receberem financiamento e fortalecimento. Hoje já são beneficiados projetos de cultivos sustentáveis de café, banana, cacau e castanha, além de iniciativas de reflorestamento e recuperação de nascentes. 

Paquistão - Tahir Qureshi, falecido em dezembro de 2020, entendeu a importância da preservação dos manguezais na preservação do meio ambiente. Ele deixou um legado importante, ganhou o título de “herói dos manguezais” e hoje outras pessoas, inspiradas por seu trabalho, dedicam-se a ações de restauração dos manguezais naquele país. 

Em 2021, o Paquistão sediou a conferência da ONU e, apoiado pelo PNUMA, assumiu o compromisso de plantar 10 bilhões de árvores até 2023, sendo que grande parte delas são mangues - ecossistemas mais produtivos e diversificados do planeta. Sem eles 39% a mais de pessoas poderiam sofrer com as consequências de inundações, por exemplo. Vale saber, ainda, que os mangues armazenam carbono de três a cinco vezes mais do que das florestas tropicais. Além disso, sustentam a subsistência de mais de 120 milhões de pessoas no mundo e servem de casa para mais de três mil espécies de peixes que fazem parte do ecossistema.

Estima-se que a degradação já consumiu 67% dos manguezais através de ações como exploração madeireira, agricultura, aquicultura, poluição e o desenvolvimento costeiro.

Salvador - Na capital baiana, um projeto ambiental de destaque é desenvolvido pela ONG ProMar, em parceria com os pescadores da Ilha de Maré e a Universidade Federal da Bahia. Juntos desenvolveram uma tecnologia que transforma o substrato do coral sol, nocivo ao ecossistema marinho, em sementeira para o cultivo e a restauração dos recifes de coral nativo na Baía de Todos os Santos. O trabalho também se estende à reutilização do plástico, que é retirado do mar.

ONG ProMar atua em parceria com os pescadores da Ilha de Maré e a
Universidade Federal da Bahia (Foto: divulgação)

"Há mais de dez anos estou trabalhando na pesquisa e no monitoramento e controle do coral sol na Baía de Todos-os-Santos e, também, participamos da construção do plano de controle do coral sol na Costa Brasileira. Como o coral sol causa impacto na vida marinha, principalmente, em algumas espécies daqui e por ele ter a mesma composição de um coral da nossa região, que é o carbonato de cálcio, resolvemos experimentar o esqueleto para fabricar uma sementeira para cultivar corais nativos. Retiramos o coral sol, colocamos para secar, trituramos e transformamos em um pó. Então, misturamos com cimento e fabricamos pequenos blocos que são as sementeiras, onde se fixa o fragmento de um coral nativo e a partir daí ele passa a se desenvolver", explica Zé Pescador, gestor da ProMar. 

Todo este trabalho é fruto de um estudo da startup de inovação e meio ambiente Carbono 14, um negócio sustentável, que nasceu a partir da atuação da ProMar. O trabalho pioneiro chegou a ser citado na revista especializada Science.  

Com os experimentos percebeu-se que o uso do nylon poderia ser utilizado também no processo como lacres. "O plástico é excelente para acelerar o desenvolvimento do coral, até quatro vezes mais rápido do que o próprio ambiente natural. Essa descoberta foi feita a partir da observação do cientista Igor Cruz, do Instituto de Geociências da UFBA, que é o nosso orientador científico nos experimentos de restauração na Baía de Todos os Santos”. 

O projeto Mundo Sustentável é uma realização do Correio com patrocínio da Unipar e Acelen, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, apoio da Braskem, Wilson Sons, AJL, Jotagê e ComDados.

Fonte: Jornal Correio

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