Concurso para reconstruir base na Antártida tem 74 projetos na disputa

Operário trabalha removendo os escombros da base antártica, um ano após o incêndio que destruiu estação -  Crédito: Giuliana Miranda/Folhapress

12/04/2013

O concurso para reconstruir a Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída por um incêndio em fevereiro de 2012, entrou na reta final. Dos 109 inscritos, 74 entregaram os projetos para a comissão julgadora. O resultado será anunciado no próximo dia 15.

O escritório vencedor levará R$ 100 mil como uma espécie de adiantamento do contrato final, que é de cerca de R$ 5,1 milhões. O ganhador terá 30 dias para apresentar toda a documentação para assinar com a Marinha.

O segundo lugar será premiado com R$ 50 mil e o terceiro, com R$ 30 mil.

Estima-se que a reconstrução custará em torno de R$ 100 milhões.

"O resultado superou nossas expectativas. Estamos muito otimistas com o sucesso do projeto", disse Luiz Fernando Janot, coordenador do concurso.

A seleção é realizada pelo IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), e a comissão julgadora escolherá o projeto vencedor sem saber a que escritório ele pertence.

Nesta etapa, os candidatos tiveram de apresentar uma espécie de planta da estação, com sugestões de materiais e métodos de construção a serem empregados. Estrangeiros só podem participar da disputa em parceria com escritórios nacionais

DIFICULDADES

A ilha Rei George, onde fica a estação, pode ter condições meteorológicas bastante instáveis, com ventos que superam os 150 quilômetros por hora. O projeto tem que levar o clima inóspito em consideração.

Além disso, por restrições ambientais e logísticas, a estação precisará ser construída em outro local e então transportada para a Antártida.

"A comissão vai julgar diferentes aspectos, do tipo de material à viabilidade de construção e transporte das partes construídas", completa Janot.

Segundo ele, os aspectos ambientais e de sustentabilidade também serão um dos principais requisitos para o projeto vencedor.

Como projetos na Antártida não costumam fazer parte da rotina da maioria dos escritórios, o IAB organizou workshops explicando características da região e as especificidades relacionadas à instalação de uma base em um lugar assim.

Além disso, também houve um grande encontro no Rio de Janeiro, em que os candidatos passaram um dia inteiro recebendo informações sobre como deveria ser a apresentação do projeto, além de ouvirem da comunidade científica o que eles esperam dos novos laboratórios.

RECONSTRUÇÃO

A Marinha já encerrou a limpeza da área afetada pelo incêndio.

Os destroços da estação chegaram recentemente ao Brasil, a bordo do navio mercante Germania, que foi contratado especificamente para ajudar na remoção.

Uma boa parte da sucata deverá ir a leilão. Parte do material, que oferece risco de contaminação, deverá ser descartado por uma empresa especializada.

Enquanto a base não é reconstruída, a Marinha instalou uma espécie de estação científica provisória, composta de módulos pré-fabricados. De produção canadense, eles custaram cerca de R$ 14 milhões.

A estação provisória tem capacidade para receber cerca de 60 pessoas, entre cientistas e militares --quase o mesmo número comportado pela antiga base.

Os módulos estão instalados na área que atualmente é destinada ao pouso de helicópteros. O local é mais elevado e ligeiramente afastado da área destruída pelo fogo.

Essa opção foi feita para não prejudicar o andamento da reconstrução definitiva do complexo.



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