Afrodescendentes levantam a voz pelo Haiti


Caracas, 23 jun (Prensa Latina)

Mais de 600 delegados do IV Encontro Internacional de Afrodescendentes uniram suas vozes a favor da solidariedade permanente com Haiti, vítima de uma crise humanitária desatada por um potente terremoto e agravada pela cólera. Precisamente a presente edição do fórum rendeu homenagem a essa nação caribenha.


Os participantes do Encontro puseram em marcha uma comissão integrada por personalidades de diferentes nações que acompanharão como se é canalizada a ajuda financeira da comunidade internacional para a reconstrução do Haiti. Durante as três jornadas de trabalho do encontro, os delegados debateram iniciativas para garantir o investimento desses fundos nos trabalhos de recuperação, a luta contra a cólera e na relocalização dos afetados pelo terremoto de janeiro de 2010.

O coordenador do evento, Enrique Arrieta, explicou à Prensa Latina que a comissão contará com o apoio do grupo venezuelano do Parlamento Latinoamericano e se reunirá a cada 15 dias.

Nesses encontros -precisou- determinarão ações de solidariedade com a população do país francófono e determinarão como acompanhar e garantir o uso adequado do capital enviado por governos e instituições da órbita.

A ideia é contar com uma equipe verdadeiramente capaz de velar pelos interesses desse povo.

Enquanto isso, a conselheira política da embaixada argentina na Venezuela, María Fernanda Silva, considerou que a conformação desse grupo de trabalho é um passo importante para saldar a dívida histórica com Haiti, protagonista da primeira revolução triunfante em toda a região.

Essa nação -lembrou- atingiu sua independência plena em 1804 e ajudou a territórios vizinhos em suas lutas por romper com o colonialismo estrangeiro.

A servidora pública fez referência a que "as grandes potências não perdoam esse grito de liberdade, a bandeira da não escravatura no território haitiano, e que o creole como língua nacional venceu outros idiomas europeus."

Por essa razão, destacou Silva, o trabalho será determinante para assegurar que a ajuda seja efetiva, saber como é canalizada e se realmente muitas organizações não governamentais presentes no país caribenho colaboram com a reconstrução.

Opiniões parecidas repetiram-se no evento a favor do rigoroso cumprimento das promessas feitas pela comunidade internacional para enfrentar esses e outros desafios no território haitiano.

A princípios de 2010, Haiti foi devastado por um terremoto de 7,0 graus na escala Richter que deixou pelo menos 316 mil mortos, 1,5 milhões de pessoas sem teto e quase 70 por cento da infraestrutura colapsada em Porto Príncipe, a capital, e outras cidades.

Em outubro desse mesmo ano, uma epidemia de cólera espalhou-se com velocidade por toda a geografia nacional, ocasionou mais de 5.400 mortes e inclusive chegou à vizinha República Dominicana, com 48 mortos por esta doença intestinal até hoje.

O IV Encontro Internacional de Afrodescendentes culminou com uma declaração que exige à Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos, cujo nascimento está previsto para julho próximo, reconheimento às contribuições desse grupo étnico nas lutas de independência da região.

Esse texto reiterou a necessidade de criar um fundo regional para contribuir com o desenvolvimento sustentável desses setores populares, tradicionalmente excluídos pelos governos oligárquicos.

Entre outros aspectos, chamou a instaurar na América Latina e Caribe um conselho consultivo dos afrodescendentes que promova políticas contra a discriminação racial e a exclusão.

mv/ymr/cc

Prensa Latina

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