Haiti, o país dos Rest Avec


Por Lúcio de Castro

A liderança do Brasil na ocupação das tropas da ONU no Haiti desde a criação da MINUSTAH (Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti) em 2004, é responsável por uma situação que se repete desde então: a constante presença de equipes de jornalismo brasileiras no país mais pobre do ocidente.

O retrato da absoluta miséria em que vive o país caribenho, onde antes mesmo do terremoto de 12 de janeiro de 2010 (cerca de 300 mil mortos) mais de 80% da população vivia abaixo da linha da pobreza, com menos de um dólar por dia, as cenas de pobreza, crianças nas valas negras em meios aos porcos e as dramáticas imagens que podem ser captadas para onde a câmera apontar, são no Brasil recorrentes e repetitivas nesse período pós-MINUSTAH.

O especial “Haiti, o país dos Rest Avec” optou por fugir da tentação da simples constatação de tal miséria e exibição dessas imagens recorrentes e saiu em busca de algumas respostas para tais cenas. Para o quadro de miséria haitiano. Dando voz aos haitianos para tentar entender o quadro atual e o contexto histórico para tal quadro. Mais do que isso: o especial procura respostas na sociedade haitiana para questões como:

- Em meio a esse quadro de miséria absoluta, sem saúde básica, educação e serviços funcionando plenamente, faz sentido a utilização de mais de 800 milhões de dólares por ano por essa força militar?

- Desde 2004, quais foram os avanços alcançados pela missão da ONU?

- Qual é o papel das mais de 200 ONGs que estão no Haiti e o que aconteceu com os bilhões arrecadados pós-terremoto?

- O chamado “mundo humanitário” tem funcionado no Haiti?

Paralelo a essas perguntas e respostas, o especial mostra o talento dos habitantes do país vizinho a Cuba e Jamaica para o esporte, que poderia ser uma potência olímpica como os vizinhos se existissem oportunidades. E a história dos “Águias Negras” de Belair, populosa favela de Porto Príncipe, o time mais popular do país, que perdeu o campo de treinamento após o terremoto. Um jogo do campeonato haitiano de futebol e a realidade do esporte mais popular do país.

O especial mergulha ainda em um tabu pouco comentado fora do Haiti: os Rest Avec Vous, ou simplesmente “Rest Avec”, como são conhecidas no Haiti as crianças entregues por suas famílias e que passam a viver praticamente em regime de escravidão, desempenhando serviços gerais, sem estudo ou maiores direitos. Estima-se que existam 300 mil “Rest Avec” no Haiti. Depois do terremoto, milhares dessas crianças tem sido vítimas do tráfico internacional de menores. E mostra ainda o trabalho da religiosa brasileira Maria Aparecida Scatolini na recuperação dessas crianças. Na verdade, o título do especial "Haiti, o país dos Rest Avec" tem a ver muito mais do que a questão das crianças que compõe essa camada praticamente invisível da sociedade haitiana. "Rest Avec" é também a postura do mundo em relação ao Haiti, esquecido e abandonado na ordem mundial, lembrado muitas vezes apenas por espertalhões na captação de fundos que nunca aparecem.

Para assistir ao Especial completo dividido em cinco partes, clique aqui

ESPN.com.br

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