O Haiti da História e da Literatura





O repórter Vinícius Conrad foi ao Haiti para contar sobre o que viu por lá, desde quando um terremoto veio se somar às muitas dificuldades por que passam os habitantes daquela zona das Antilhas. Antes dele, uma guarnição do Exército brasileiro deixou, há poucas semanas, a cidade de Pelotas com a missão logística e humanitária de minorar a caótica situação vivida pela população civil haitiana.

Historicamente, quem primeiro chegou àquele pedaço do “Novo Mundo” foi o navegador Cristóvão Colombo em fins do século 15. Os espanhóis, conquistadores, tomaram conta das muitas ilhas caribenhas denominando-as de Hispaniola. Os nativos, indígenas ordeiros e trabalhadores, seriam dizimados pelos invasores europeus. Findo o massacre, eles trouxeram da África a mão de obra escrava para cultivar as lavouras de café, fumo e principalmente nos canaviais e onde saía o açúcar, o “ouro doce” que transformou Saint-Domingue na ilha mais rica do Caribe. Após um tratado do século 17, a região ocidental passou ao domínio da França, sendo sua capital, Le Cap, considerada a “Paris das Antilhas”.

A Revolução Francesa favoreceu politicamente aos rebeldes negros que, entre 1784 e 1804, expulsaram os franceses e proclamaram a República Negra do Haiti, “terra de montanhas”, o nome original dado pelos nativos arahuacas. Desde seu primeiro líder Toussaint Louverture, o Haiti nunca deixou de ter uma ditadura com mais ou menos rigor. As riquezas do país, após cada troca de ditador, eram expoliadas e o povo analfabeto foi ficando cada vez mais pobre.

Um dos mais recentes ditadores, Jean-Claude Duvalier, filho do sanguinário Papa Doc, foi deposto em 1985. Protegido pelos americanos ele foi entregue ao governo francês com a promessa de que ali ficaria por apenas oito dias, entretanto os americanos “simplesmente esqueceram” a promessa e o Baby Doc passou a viver na pátria dos Direitos Humanos, um confortável exílio.

Talvez a presença das forças da ONU possa trazer o progresso e uma verdadeira democracia ao pobre Haiti... se Deus quiser!

O Haiti de Isabel Allende


A escritora Isabel Allende, autora de muitos livros premiados, teve seu primeiro romance, A casa dos espíritos, transformado em um filme de sucesso. Em A ilha sob o mar, o misterioso título nos conta sobre as vidas e as mortes de muitos personagens ligados ao Haiti, entre fins do século 18 e início do 19. A protagonista chama-se Zarité, a Teté (leia-se Têtê), escrava vendida aos nove anos a um rico francês, plantador de cana em Saint-Domingue. Objeto nas mãos do amo e senhor, Zarité descobre o amor quando conhece Gambo, escravo fugido, braço direito do general Toussaint. Em plena guerra colonial e ajudada por seu amante, Zarité vive uma grande e perigosa aventura até chegar a Cuba e mais tarde ir viver na Louisiana, território vendido por Napoleão aos Estados Unidos.

O Haiti com sua religiosidade animista, dos loas (espécies de orixás), do culto Voudu, das superstições, do calor, tempestades e furacões, faz do livro da chilena uma ótima leitura para quem gosta de História, de romance e de textos fortes. Um romance épico que tem tudo para ir logo parar nas telas dos cinemas.

Por: Joari Reis


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