Síntese Diária da COP30 – 15 de Novembro

15/11/2025

Dia 6: Sábado, 15 de novembro

Preparado pela Equipe de Comunicação da COP30

Áreas Temáticas de Foco: Energy, Industry, Transport, Trade, Finance, Carbon Markets, Non-CO₂ Gases

Resumo:

Construir as bases financeiras e éticas para uma transição justa

O Dia 6 da COP30 destacou que uma transição climática mais justa e mais rápida depende do alinhamento entre sistemas financeiros, fundamentos éticos e cooperação global. O dia mostrou como países, investidores, pessoas e comunidades estão começando a construir o ambiente propício necessário para destravar capital em grande escala, ao mesmo tempo, em que fundamentam a ação climática na equidade e na responsabilidade compartilhada.

As finanças ocuparam o centro das discussões, com reformas destinadas a mobilizar e direcionar capital para as linhas de frente da crise climática. O lançamento dos Princípios para Interoperabilidade de Taxonomias  — desenvolvidos com o SB COP, o IDFC e ministérios da Fazenda — avançou na interoperabilidade global de padrões de finanças sustentáveis, um passo crítico para mobilizar os USD 1,3 trilhões de dólares anuais previstos no Mapa do Caminho de Baku a Belém. Proprietários de ativos representando quase USD 10 trilhões se reuniram nesta semana para trabalhar com cientistas do clima, BMDs e governos em ações como recomendações para o relatório do Círculo de Ministros das Finanças e para implementação via o Roteiro, enfatizando a necessidade de foco nos setores de difícil descarbonização e nos EMDEs.

Brasil e o Fundo Verde para o Clima (GCF) fortaleceram a arquitetura de investimentos por meio de novas Plataformas de Países e de um Hub de Plataformas de Países, ampliando o planejamento coordenado e escalando trajetórias nacionais para financiamento climático e da natureza. A expansão da Coalizão de Solidariedade dos Passageiros Frequentes Premium e novos compromissos com taxas solidárias sinalizaram crescente impulso em torno de fontes inovadoras e equitativas de receitas para adaptação e perdas e danos.

Hoje, em Belém, milhares se reuniram para pedir justiça climática, proteção de territórios e ações governamentais mais fortes durante a Marcha Mundial pelo Clima, organizada pela Cúpula dos Povos e acompanhada por povos indígenas, jovens, movimentos sociais, comunidades tradicionais e trabalhadores.

Em conjunto, os resultados de hoje mostram que a COP30 está construindo as bases financeiras e éticas necessárias para acelerar a implementação e entregar uma transição justa, centrada nas pessoas e na economia real.

Ações e Resultados Notáveis:

Agenda de Ação:

- Avanço das Taxas de Solidariedade como Pilar do Financiamento Climático sem Endividamento

▪ Líderes na COP30 reafirmaram o crescente impulso global por taxas de solidariedade como ferramenta essencial para gerar financiamento climático justo, mais previsível e que não gere dívida. O evento destacou o fortalecimento do compromisso com a Coalizão de Solidariedade dos Passageiros Frequentes Premium e a divulgação de um novo relatório técnico detalhando o significativo potencial de receita das taxas em setores emissores e sub tributados, como transações financeiras, aviação, transporte marítimo e criptomoedas.

▪ Representantes de governos, instituições multilaterais e grupos de especialistas enfatizaram que taxas para passageiros frequentes têm enorme potencial de receita, incorporando o princípio do poluidor-pagador ao mobilizar recursos concessionais para adaptação, resiliência e perdas e danos — especialmente para países vulneráveis diante do agravamento dos impactos climáticos.

▪ A Coalizão agora inclui Benim, Djibouti, França, Quênia, Nigéria, Serra Leoa, Somália, Sudão do Sul e Espanha, e recebe Antígua e Barbuda, Brasil, Fiji e Vanuatu como observadores, reforçando o compromisso crescente com essa abordagem compartilhada, enquanto o evento apresentou fortes apelos para que mais países se juntem à coalizão até o fim da COP30.

“O lançamento da Coalizão de Solidariedade dos Passageiros Frequentes Premium prova que taxas solidárias podem sair do campo das ideias para se tornar realidade. Este é apenas o primeiro passo. Agora, conclamo mais países a se juntarem a nós na COP30 e transformarem esse impulso em mudança global duradoura.”
— Laurence Tubiana, Enviada Especial da COP30 para a Europa; Co-líder da Força-Tarefa Global de Taxas de Solidariedade

- Líderes Financeiros Traçam Caminhos para Operacionalizar o Roteiro de Baku a Belém e Entregar a Visão de USD 1,3 Trilhão

▪ A reunião ministerial de alto nível reuniu líderes climáticos, ministérios da Fazenda, BMDs, fundos climáticos e lideranças do setor privado em torno de um caminho compartilhado para destravar os USD 1,3 trilhões anuais previstos no Roteiro. Líderes, incluindo os presidentes da COP30 e COP29, o Secretário Executivo da UNFCCC Simon Stiell e o CEO da COP30, enfatizaram que entregar essa ambição depende de reformas coordenadas em financiamento de concessão, mandatos dos BMDs, estruturas domésticas de investimento, instrumentos financeiros inovadores e ecossistemas regulatórios fortalecidos — refletindo as cinco áreas prioritárias de ação do Relatório. Por meio de uma discussão orientada a resultados, participantes identificaram marcos concretos de implementação para a Presidência brasileira da COP30, posicionando o Roteiro como um plano catalisador para ampliar rapidamente o financiamento climático com mais velocidade, escala e impacto. Ao incorporar as recomendações do Círculo nas práticas institucionais e de mercado, o evento sinalizou uma clara mudança da visão para a entrega — usando o Roteiro como veículo unificador para mobilizar capital público, privado e misto necessário para cumprir as metas climáticas globais.

“Este é o início de uma era de verdade no financiamento climático”, disse Corrêa do Lago. “Para cumprir o Acordo de Paris mais rapidamente, a ação climática precisa estar integrada às reformas econômicas e financeiras reais. Com os 5Rs, o Roteiro transforma urgência científica em um plano prático de cooperação global e resultados.”
— Embaixador André Corrêa do Lago, Presidente da COP30

- 14 Novas Plataformas de Países Anunciadas, Lançamento do Hub de Plataformas de Países

▪ Na COP30, em um passo decisivo para alinhar apoio e investimentos globais com prioridades climáticas nacionais, 13 países divulgaram planos para desenvolver plataformas nacionais por meio do programa de prontidão do GCF. O evento também marcou o anúncio de um Hub de Plataformas de Países, integrating the COP30 Plan to Accelerate Solutions (PAS) integrando o Plano para Acelerar Soluções (PAS) da COP30 para conectar países a assistência técnica, conhecimento e financiamento, garantindo que sistemas de apoio globais respondam às necessidades nacionais, em vez de duplicar esforços.

▪ Country platforms support the implementation of the Relatório do Círculo de Ministros das Finanças da COP30. Os anúncios vieram de: Camboja, Colômbia, República Dominicana, Índia, Cazaquistão, Lesoto, Mongólia, Nigéria, Omã, Panamá, Ruanda, África do Sul e Togo.

“Saúdo o Brasil e Uganda por convocarem o Hub de Plataformas de Países. O Fundo Verde para o Clima (GCF) está ansioso para explorar oportunidades de apoiar esse esforço. Plataformas nacionais representam oportunidade estratégica para reunir governos, setor privado e parceiros de desenvolvimento em torno de um processo para identificar políticas e investimentos prioritários, além de alinhar financiamentos público e privado, internacional e doméstico.”
— Mafalda Duarte, Diretora Executiva do GCF.

- Primeiro Grupo de Proprietários de Ativos Apresenta Recomendações

▪ Nesta quarta, a COP30 reuniu a primeira Cúpula de Proprietários de Ativos na agenda oficial da COP.O evento reuniu cerca de 30 dos principais proprietários de ativos globais — incluindo fundos de pensão, seguradoras, e investidores soberanos — representando cerca de USD 10 trilhões em ativos. A sessão focou em soluções climáticas, incluindo setores difíceis de descarbonizar e EMDEs. Como resultado, os proprietários propuseram estabelecer uma Cúpula Permanente de Proprietários de Ativos da COP e sinalizaram compromisso em ampliar a parceria com o setor público rumo ao USD 1 trilhão necessário para atender ao NCQG.

- Iniciativa de Roteiro de Taxonomias para Avançar Interoperabilidade de Finanças Sustentáveis

▪  O Dia 6 apresentou os resultados do Roteiro para Avançar a Interoperabilidade e Comparabilidade de Taxonomias de Finanças Sustentáveis — lançado na COP29 em colaboração com SB COP e IDFC. O roteiro representa um esforço unificado entre governos e setores financeiro e privado para padronizar taxonomias e dados, um desafio central para expandir o financiamento sustentável. Foram apresentados os Princípios para Interoperabilidade de Taxonomias - o primeiro passo para uma linguagem comum em matéria de financiamento climático - e o Mapa de Taxonomia de Finanças Sustentáveis - ferramenta digital que permite comparar e analisar taxonomias entre jurisdições.

- Coalizão Aberta para Mercados de Carbono de Conformidade

▪ Representantes de governos se reuniram em mesa ministerial para avançar a Coalizão Aberta para Mercados de Carbono de Conformidade, agora com 18 apoios. Destacou-se que cooperação internacional fortalecida é essencial para melhorar transparência, integridade e eficácia desses mercados. O debate focou cooperação em sistemas de MRV, metodologias de contabilidade de carbono e uso de offsets de alta integridade. Países apoiadores incluem: Brasil, China, União Europeia, Reino Unido, Canadá, Chile, Alemanha, México, Armênia, Zâmbia, França, Ruanda, Andorra, Guiné, Nova Zelândia, Mônaco, Singapura e Noruega.

- Presidente da COP30 Abre os Trabalhos do Fórum Integrado sobre Mudança do Clima e Comércio (IFCCT)

▪ Hoje, o Presidente da COP30 abriu oficialmente os trabalhos do IFCCT, lançado na Cúpula do Clima de Belém em 7 de novembro como parte central da Agenda de Ação da COP30.

▪ A sessão contou com vice-ministros e chefes de delegação da China, Reino Unido, Austrália e outros países, além da OMC, ICC e outras organizações da sociedade civil e setor privado, e outras organizações da sociedade civil e do setor privado. O público manifestou forte apoio à iniciativa como plataforma para a colaboração em soluções concretas para reduzir os custos para os exportadores e reforçar o papel do comércio na ação climática. O Fórum responderá diretamente ao primeiro Balanço Global, promovendo a cooperação em um sistema econômico internacional aberto e solidário, capaz de alinhar o comércio e a ação climática para se reforçarem mutuamente.

- Declaração sobre o Custo Econômico da Inação Climática — Evento sobre Taxonomia — Evento de Alto Nível NGFS e BCB sobre Finanças para Sustentabilidade

▪ A Rede de Bancos Centrais e Supervisores para o Ecologização do Sistema Financeiro (Network for Greening the Financial System/ NGFS) Declaração sobre o Custo Econômico da Inação Climática, alertando para os riscos macroeconômicos e financeiros crescentes associados ao atraso nas ações climáticas. Representando 146 bancos centrais e supervisores, o NGFS enfatizou que os impactos climáticos agora representam ameaças iminentes à estabilidade financeira e exortou as instituições financeiras a integrar os riscos relacionados ao clima e à natureza por meio de análises de cenários robustas, padrões de divulgação e planejamento de transição.

“Nossos cenários mais recentes mostram que a mudança do clima não é mais um risco no horizonte, é um perigo iminente… É necessário um esforço de toda a economia para evitar severas disrupções e garantir estabilidade financeira.”
— Sabine Mauderer, Presidente do NGFS
“Gerenciar os riscos climáticos de forma eficaz não é apenas uma questão ambiental, é fundamental para construir resiliência financeira. Ao fazer isso, podemos contribuir para uma transição suave rumo a uma economia sustentável.”
— Sr. Fundi Tshazibana, vice-presidente do NGFS, vice-governador do Banco Central da África do Sul

- Grande Oportunidade para Reduzir metano e Outros Gases Não-CO₂

▪ O Super Pollutant Country Action Accelerator, anunciado durante a Cúpula de Líderes de Belém avançou com o lançamento do Plano para acelerar soluções (PAS), ajudando 30 países em desenvolvimento a reduzir gases super poluentes perigosos até 2030. O Acelerador começa com US$ 25 milhões destinados a sete países pioneiros: Brasil, Camboja, Cazaquistão, África do Sul, Indonésia, Nigéria e México. Reduzir esses poluentes é um dos caminhos mais rápidos para proteger simultaneamente a estabilidade climática, a saúde pública e o abastecimento de alimentos.

“À medida que chegamos ao final da primeira semana, observamos uma mudança significativa da ambição para a execução dentro da Agenda de Ação, enquanto governos, empresas, governos locais e regionais, povos indígenas e a sociedade civil aproveitaram o poder de articulação da COP30 para impulsionar soluções reais para uma economia mais resiliente e de baixo carbono.

114 Plans to Accelerate Solutions — desenvolvidos por coalizões em 30 Grupos de Ativação — foram publicados e já estão disponíveis no site da UNFCCC. Eles reúnem iniciativas existentes sob um mesmo guarda-chuva para cumprir objetivos específicos nos 6 eixos.

Eles detalham como empresas, investidores e comunidades estão trabalhando juntos para transformar ambição em implementação, acionando as alavancas da oferta, demanda, financiamento e política. E, nesta semana, os parceiros anunciaram um conjunto de ações imediatas para acelerar a implementação desses planos.”
— Dan Ioschpe, Campeão de Alto Nível da COP30
“Até agora, há um ambiente construtivo em Belém. É positivo que a presidência esteja mantendo um roteiro para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. A ciência mostra claramente que precisamos reduzir as emissões em 5% ao ano, a partir de agora, para ter qualquer chance de minimizar o overshoot e evitar a destruição dos sistemas de suporte à vida para bilhões de pessoas.”
— Carlos Nobre, renomado cientista brasileiro e membro do movimento guardiões Planetários (Planetary Guardians)

Negociações:

- As partes transferiram formalmente os rascunhos de decisões dos Órgãos Subsidiários para as principais trilhas de negociação, marcando a transição das negociações técnicas para as políticas e abrindo caminho para as decisões finais no fim da segunda semana.

Mobilização global:

- Brasil Apresenta Mobilização Nacional para Implementar o Código Florestal:

▪ Na Zona Verde, os governos federal e estaduais do Brasil, junto à Presidência da COP30, apresentaram os Mutirões do Código Florestal, um esforço nacional para acelerar a implementação prática do Código Florestal em propriedades rurais. A iniciativa oferece orientação técnica, apoio presencial para cadastro e correções no Cadastro Ambiental Rural, entrega de cadastros validados e orientações para o avanço dos Programas de Regularização Ambiental. Os participantes destacaram como o fortalecimento do cumprimento do Código Florestal aprimora a governança ambiental, apoia a produção rural sustentável e reforça as contribuições do Brasil para as metas climáticas.

- Lideranças Indígenas Pedem que Negociadores Climáticos Reforcem a Proteção das Florestas:

▪ Na Zona Azul, o Cacique Raoni e a delegação Mẽbêngôkre do Instituto Raoni realizaram um diálogo franco com negociadores climáticos na sessão “Florestas em Pé, Acordos, na Prática”. A conversa destacou saberes ancestrais e denunciou o descompasso entre as salas de negociação e as realidades enfrentadas pelas comunidades indígenas que protegem e guardam a floresta. Os participantes ressaltaram que compromissos sobre emissões, mercados de carbono e financiamento climático só têm significado quando se traduzem na proteção das florestas em pé e no reconhecimento da liderança indígena — sem isso, a ação climática permanece incompleta.

Fonte: COP30

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