Honduras é o país mais perigoso para ativistas ambientais, diz relatório

20/04/2015

Por Anastasia Moloney

BOGOTÁ (Thomson Reuters Foundation) - Honduras é o país mais violento para ativistas ambientais, com muitos hondurenhos assassinados durante a defesa de direitos à terra e do meio ambiente frente a projetos de mineração, de barragens e extração de madeira, disse uma ONG nesta segunda-feira.

Entre 2010 e 2014, 101 ativistas foram assassinatos em Honduras, a maior taxa per capita de qualquer país analisado em um relatório da Global Witness, embora o número total seja maior no Brasil. 

Globalmente, mortes de ativistas ambientais alcançaram uma média de mais de duas por semana em 2014, crescimento de 20 por cento frente ao ano anterior, segundo o relatório. 

A América Latina teve o pior desempenho ano passado, responsável por quase três quartos dos assassinatos - com 29 mortes relatadas no Brasil, 25 na Colômbia e 12 em Honduras. 

“Historicamente, tem havido uma distribuição de terra desigual na América Latina, o que tem causado conflitos entre companhias locais e estrangeiras e comunidades”, disse Billy Kyte, da Global Witness, à Thomson Reuters Foundation. 

“Governos na América Latina não estão tratando esse problema com seriedade. Níveis de impunidade são muito altos e os perpetradores ficam livres”, disse. 

O relatório disse que 40 por cento dos defensores ambientais mortos no ano passado eram indígenas pegos na linha de frente ao tentar defender a terra e fontes de água diante da ação de companhias.

“Muitos grupos indígenas carem de títulos claros para suas terras e sofrem desapropriações por parte de interesses de poderosas empresas”, disse o relatório.

O ativista hondurenho Martin Fernandez disse ter sido forçado a fugir para o Brasil por três meses em 2012, após ter recebido ameaças de morte por telefone e ter sido perseguido por carros com janelas escuras perto de sua casa e de seu trabalho.

“Vivemos em medo, medo constante de ataque. Eu e muitos colegas tivemos que viver no exílio”, disse Fernandez à Thomson Reuters Foundation. Ele lidera o Movimento para Dignidade e Justiça, um grupo hondurenho de direitos à terra.

Em seu relatório, a Global Witness disse que o governo hondurenho esperava atrair 4 bilhões de dólares em investimento em mineração e recentemente liberou 250 mil hectares de terra para novos projetos.

Com uma das maiores taxas de assassinato do mundo, Honduras luta para conter a violência de grupos envolvidos com drogas e o crime organizado. O governo não respondeu a pedidos de comentários sobre o relatório da Global Witness.





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