Pantanal é sinônimo de ecoturismo no mundo

Ariranhas podem ser avistadas na região
Leonardo Copetti/Divulgação/JC
23/02/2015

Região foi escolhida como o quarto melhor destino de turismo de vida selvagem por jornal norte-americano

O Pantanal sempre foi conhecido pelos brasileiros por suas exuberantes fauna e flora. Mesmo assim, tradicionalmente, é a pecuária que domina a exploração econômica da região. Esse cenário, porém, vem mudando nos últimos anos, à medida que o Pantanal, que se estende, em terras brasileiras, pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de englobar ainda parcelas de Bolívia e Paraguai, se torna conhecido mundo afora pelos adeptos do ecoturismo e turismo de aventura.

A riqueza em biodiversidade da região, que já desponta como um dos principais destinos de turistas brasileiros e, principalmente, de estrangeiros no País, fez com que o Pantanal fosse eleito, em votação na semana passada entre os leitores do portal de um dos jornais norte-americanos de maior circulação, o USA Today, como o quarto melhor destino de vida selvagem no mundo. À frente dele, apenas as Ilhas Galápagos, arquipélago pertencente ao Equador e famoso por suas contribuições aos estudos de Charles Darwin que culminaram na elaboração da Teoria da Evolução; a Reserva Nacional Pacaya Samiria, no Peru; e a Costa Rica.

Com cerca de 140 mil km2 de extensão em sua parte brasileira, que fazem dele a maior planície inundável do planeta, um dos atrativos turísticos do Pantanal é o fato de, na verdade, haver vários pantanais dentro do complexo. Divididos por graus de inundação e vegetação e pelos rios que o cercam, entre outras características, são 11 as sub-regiões que integram o Pantanal, cada uma com suas próprias características. "As pessoas que vão para a Amazônia reclamam que é difícil ver as coisas lá. Já no Pantanal, se você pega principalmente o período da seca, vê tudo. Macacos-prego, bugios, ariranhas, tamanduás-bandeira, uma riqueza muito grande na paisagem", comenta Leonardo Copetti, um dos proprietários da Pousada Refúgio da Ilha, localizada em uma pequena ilha próxima ao município de Miranda (MS).

Na prática, segundo a WWF, organização não governamental que luta pela conservação ambiental, já foram registradas no Pantanal pelo menos 4,7 mil espécies, incluindo plantas e vertebrados. Por sua importância ambiental, aliás, o bioma é considerado Patrimônio Nacional desde 1988 e Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera, pela ONU, desde 2000.

Uma das maiores cidades na região, Corumbá (MS) é encarada como uma das 65 indutoras do turismo nacional pelo Ministério do Turismo, e recebe 214 mil visitantes por ano. Grande parte desses, estrangeiros. "Atualmente, pelo menos 70% dos nossos hóspedes vêm de outros países", exemplifica Copetti, cuja pousada se localiza entre Corumbá e Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, posição considerada privilegiada por ele. Os principais países de origem, no caso da Refúgio da Ilha, são Holanda, Inglaterra, França, Alemanha e Bélgica. No Brasil, a maioria vem de São Paulo.

A Refúgio da Ilha, aliás, pode ser usada como símbolo da mudança lenta que vem acontecendo na região. Antes, uma casa de fazenda, então voltada à criação de gado, o casarão foi transformado em pousada em 1998, começando as operações com apenas dois quartos. Hoje, tem oito, limite máximo de expansão para que não perca as características que atraem os ecoturistas de todo o mundo.

Observação de aves é um dos principais objetivos de turistas nos últimos anos

Ainda que as riquezas de plantas, animais terrestres, aquáticos e as manifestações culturais dos povos da região sejam, também, indutores do turismo no Pantanal, grande parte da expansão do ecoturismo é explicada pela descoberta do destino por observadores de aves. São quase 700 as espécies de pássaros que tornam a região um dos principais destinos dos amantes dessa prática.

"Conversamos muito com o pessoal que vai para a África para ver mamíferos, manadas, e os que vêm para o Pantanal buscam aves, de pequenos pássaros a grandes aves. Você encontra aqui de cegonha, tuiuiú, até os pequeninhos. É de ficar perdido de tanto que se vê", comenta Leonardo Copetti, da Refúgio da Ilha. Já atuando com ecoturismo no Pantanal há quase duas décadas, Copetti nota o aumento na procura dos observadores de aves pela região.

"Esse fenômeno, em relação há dez anos, por exemplo, cresceu muito. É um público crescente, aquele que já chega sabendo o que quer ver, com máquinas fotográficas profissionais, roupas especiais, uma lista de aves desejadas", conta. Principalmente no período de seca, entre abril e setembro, torna-se fácil o encontro com os animais. Até por isso, aliado ao período de férias no hemisfério Norte, o inverno é considerado a alta temporada no Pantanal, quando os hotéis e pousadas encontram-se lotados. Nem por isso, entretanto, o período das cheias, entre outubro e março, deixa de ser atraente. "Na média, a seca tem uma probabilidade maior de ter mais aves e mamíferos, mas--, na cheia, há uma paisagem mais exuberante", afirma Copetti.

Com a abundância nas águas, que se tornam cristalinas, o verão é marcado pela chegada, também, de turistas de aventura. Mergulhos, natação e outras atividades aquáticas garantem a diversão de quem frequenta o Pantanal na baixa temporada. Além disso, com os cursos d'água cheios, torna-se ainda mais fácil a locomoção por barcos e embarcações, possibilitando também a observação de outros animais, como ariranhas, por exemplo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário e pela sua visita.
Volte sempre!!!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...