Olimpíadas 2016: Rio usa ecobarcos e barreiras para conter lixo nas regatas

Dez ecobarcos estão sendo usados durante evento-teste na Baía de Guanabara (Foto: Getty)

04/08/2014

O cenário é deslumbrante, com o morro Pão de Açúcar, o Corcovado e até a praia de Copacabana de pano de fundo. A estrutura da Marina da Glória, que ainda passará por adaptações para a Olimpíada de 2016, funcionou bem no primeiro dia da Regata Internacional de Vela. Os pontos positivos do primeiro-evento teste dos Jogos do Rio de Janeiro, no entanto, parecem ficar em segundo plano diante de um problema crônico que preocupa atletas, organizadores e autoridades: a poluição na Baía da Guanabara. Na tentativa de conter a sujeira nas raias de prova, estão sendo usados ecobarcos e outros tipos de barreiras.

Em janeiro, Martine Grael encontrou TV na água (Foto: Reprodução/Twitter)

Neste domingo, o brasileiro Ricardo Winicki, o Bimba, reclamou que um saco plástico prendeu em seu barco durante a prova e rebateu declarações do prefeito carioca Eduardo Paes de que a água estava limpa. Há dois anos, o mesmo Bimba relatou ter encontrado um cadáver no mar. Na última semana, o australiano Mathew Belcher, medalha de ouro na Olimpíada de Londres-2012, achou um cachorro morto boiando durante o treinamento. Em janeiro deste ano, a brasileira Martine Grael foi supreendida por um monitor de TV flutuando no local e até postou foto em uma rede social na internet. Outros atletas relatam que também já se depararam com outros animais mortos na Baía, como gato, rato e até baleia.

A principal preocupação dos velejadores é que o lixo fique preso no leme do barco, atrapalhando o desempenho deles na prova. Para deixar a água em melhores condições, dez ecobarcos estão sendo usados para conter o lixo flutuante nas regatas. Três desses ecobarcos já estavam navegando no local desde o início do ano e foram responsáveis pela retirada de uma média de 11 toneladas de lixo por mês.

Além disso, uma parceria do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ) com 12 empresas privadas disponibilizou um total de 25 embarcações, entre bóias de contenção, lanchas e barcos de coleta, para intensificar o trabalho durante o evento-teste para a Olimpíada.

"A gente vem trabalhando com Governos Estadual, Municipal e Federal para atender todos os padrões que foram estabelecidos na candidatura. Sabemos da preocupação dos atletas. Até o final do ano passado, tínhamos três ecobarcos, hoje já temos dez. Temos mais de 12 a 14 barcos realizando outras ações para reter os lixos flutuantes, caso dos sacos plásticos. Temos focos nas cinco áreas de competição, para não ter lixo flutuante nessas áreas, temos que dar as melhores condições de performance para os atletas", explicou Rodrigo Garcia, diretor de esportes do Comitê Organizador do Rio-2016.

A medida é uma solução emergencial para a retirada do lixo flutuante, já que a despoluição da Baía de Guanabara é um procedimento mais complexo. A meta estipulada pelo Governo Estadual para deixar como legado dos Jogos ao Rio era de despoluir 80% do local. De acordo com a organização do Comitê Rio-2016, esta marca era de 12% em 2009 e, agora em 2014, 49,5% do esgoto despejado diariamente nas águas é tratado.

Em um hangout na semana passada para debater as condições da água para as provas de vela, a gerente de sustentabilidade do Comitê Rio-2016, Tânia Braga, deixou claro que a utilização dos ecobarcos e barreiras, no entanto, tem pequeno impacto no programa de despoluição permanente da Baía de Guanabara.

"Existem duas questões: a primeira são as condições gerais ambientais e a segunda são as condições para a competição esportiva. A nossa preocupação mais próxima do dia a dia está relacionada às condições esportivas. Do ponto de vista do legado, nos preocupamos, sim, com as questões ambientais, mas os Jogos não vão resolver o problema, que é histórico, como um todo. No entanto, a Olimpíada é importante para que a Baía seja tratada e esse será um legado histórico", afirmou Tânia Braga.

O evento-teste de Vela no Rio de Janeiro teve início neste domingo e termina no próximo sábado, dia 9 de agosto. Até lá, as condição climática é outro fator que pode influenciar na qualidade da água. Desta forma, os atletas já admitiram que torcem contra a chuva, já que isso poderia trazer ainda mais lixo para o local da competição.

O brasileiro Jorge Zarif veleja com o morro Pão de Açúcar ao fundo (Foto: Getty)

Fonte: ESPN


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