24/11/2011
Seis fêmeas do plantel
da espécie foram submetidas à técnica que usa sêmen congelado
para reprodução, iniciativa que pode salvar felídeos da extinção.
O Hospital Veterinário
do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV) de Itaipu se transformou, na
manhã do dia 22 de novembro (terça-feira),em uma clínica de
fertilização. Três jaguatiricas – espécie ameaçada de extinção
– foram submetidas a uma técnica inédita no Brasil: a inseminação
artificial por meio de sêmen congelado (criopreservação de
gametas). O material genético, que soma quase 60 amostras, foi
coletado dos machos do próprio RBV entre fevereiro e julho deste
ano.
O procedimento ocorreu
entre 8h30 e 13h e mobilizou quase 20 pessoas, entre veterinários e
biólogos do RBV, pesquisadores de várias universidades e até um
engenheiro biomédico.
A mobilização é
proporcional à importância da iniciativa. Caso seja bem-sucedida, a
inseminação das jaguatiricas pode ser transformada em um protocolo
para o congelamento de sêmen desta espécie, Leopardus pardalis, e
de outros felídeos de pequeno porte. Na prática, a ação pode
salvar animais da extinção e também possibilitar o intercâmbio
genético de felídeos separados pelas barreiras geográficas.
Outra inseminação em
mais três fêmeas foi feita no dia 25 de outubro. Ambos os
procedimentos – o dessa terça e o primeiro – fazem parte de uma
pesquisa científica desenvolvida por meio de uma parceria entre a
Itaipu, a PUC-PR (Campus Toledo), a UFPR e a Faculdade Assis Gurgacz.
“A criopreservação
pode permitir a reprodução de animais daqui com outros de São
Paulo e da Argentina, por exemplo. Isso é extremamente positivo”,
disse o professor e diretor do curso de medicina veterinária de PUC
de Toledo, Renato Herdina Erdmann, pesquisador da UFPR. “Em todo o
mundo, há apenas quatro relatos de jaguatiricas nascidas por este
tipo de inseminação”.
A pesquisa é parte da
tese de doutorado de Erdmann, desenvolvida com o apoio dos técnicos
do RBV. “Este tipo de investigação não é feita sozinha. O
trabalho é feito com apoio do pessoal de Itaipu e de mais outros
quatro grupos em várias partes do Brasil”, concluiu o professor.
"Em termos práticos, esta iniciativa nos ajuda a aperfeiçoar a
conservação de sêmen do nosso banco genético, para que as
amostras ainda tenham condições de uso daqui a muitos anos",
avaliou Zalmir Cubas, veterinário do RBV, da Divisão de Áreas
Protegidas (MARP.CD). "E para nós, da Divisão de Áreas
Protegidas, este trabalho confirma nossa convicção de que o RBV é
também um espaço de pesquisa científica", completou.
Preparação - Antes de
receber o sêmen, as fêmeas foram submetidas a um tratamento
hormonal para estimular a ovulação, procedimento que também
integra a pesquisa. Durante a intervenção, a jaguatirica permanece
sedada, enquanto o sêmen é injetado no útero por meio de
videolaparoscopia, técnica cirúrgica feita com auxílio de uma
microcâmera, inserida no corpo do animal. O material é depositado
‘próximo’ aos óvulos.
O resultado será
conhecido em 45 dias, quando será feito um exame de ultrassonografia
para constatar se houve fecundação dos óvulos. Até lá, as
jaguatiricas não serão examinadas, para evitar o estresse dos
animais e a perda dos possíveis embriões. Caso seja confirmada a
gestação, os filhotes devem nascer em cerca de 70 dias. O primeiro
ultrassom, das fêmeas fertilizadas em outubro, será feito em
dezembro. As últimas três jaguatiricas serão avaliadas no início
de 2012.
A escolha das possíveis
mamães foi feita com base na idade reprodutiva das jaguatiricas,
férteis entre dois e dez anos de idade. No RBV, há 11 fêmeas da
espécie, seis delas em condições de procriação. O plantel do
Refúgio possui 15 jaguatiricas, quatro machos e 11 fêmeas.
Os últimos filhotes de
jaguatirica nascidos no RBV pelo método natural estão com dois anos
de idade. Na natureza, as jaguatiricas podem ter até quatro
filhotes. Por enquanto, não há como prever a quantidade de animais
que podem nascer deste tipo de inseminação. Só resta torcer para
que a ciência dê uma forcinha para manter a população desta e de
outras espécies.
Perfil – A
jaguatirica, felino de pequeno porte, pesa entre 11 e 15 quilos e
mede de 65 cm a um metro, fora a cauda. Em cativeiro, chega a viver
20 anos. A longevidade é menor em ambiente selvagem. De hábitos
noturnos, ela se alimenta de pequenos roedores e aves. A espécie
habita, principalmente, florestas tropicais e subtropicais e pode ser
encontrada nos Estados Unidos e do México até o norte da Argentina.
No Brasil, pode ocorrer em todos os Estados, à exceção do Rio
Grande do Sul.
O procedimento, feito
no dia 25 de outubro e no dia 22 de novembro (terça-feira), é parte
de uma pesquisa científica que pode salvar felídeos da extinção.
O trabalho é desenvolvido pela Itaipu, em parceria com a PUC-PR,
UFPR e FAG. [www.itaipu.gov.br].
Fonte: Portal Fator Brasil
Carlos
ResponderExcluirQue trbalho legal. Poxa isso emociona e nos faz ver que nem sempre o homem está destruindo o que temos de mais lindo no planeta.
Estive ausente por longo período, mas tenho acompanhado a evolução do Blog em prol da vida.
Parabéns.