25/07/2011
Cerca de 500 famílias haitianas foram vítimas de desalojamentos forçados, num acampamento improvisado em Port-au-Prince,
ficando pela terceira vez sem abrigo desde o terramoto que devastou o país, em Janeiro de 2010.
Os desalojamentos tiveram início na semana passada, na área em torno do estádio Sylvio Cator, no centro da capital, antes de um grande evento desportivo. As autoridades da cidade pagaram alegadamente 250 dólares americanos a cada família para se mudar, contudo, não forneceram aviso prévio adequado ou alojamento alternativo.
"O Presidente da Câmara de Port-au-Prince deve pôr fim aos desalojamentos forçados ilegais das vítimas do terramoto, até ser fornecido alojamento alternativo a todas as famílias deslocadas", disse Javier Zuñiga, Conselheiro Especial da Amnistia Internacional.
"Ao colocarem as famílias na rua pela terceira vez desde o terramoto do ano passado, as autoridades haitianas falharam na protecção do direito das vítimas a um nível de vida digno e condições de abrigo adequadas."
Imediatamente após o terramoto do ano passado, cerca de 7000 pessoas procuraram abrigo dentro do estádio Sylvio Cator. Este grupo de pessoas foi desalojado em Abril de 2010, quando centenas de famílias formaram um acampamento improvisado próximo do estádio.
O local está entre os seis acampamentos de desalojados "mais visíveis" que o Presidente Michel Martelly prevê fechar. O Presidente da Câmara de Port-au-Prince visitou alegadamente o acampamento no dia 12 de Julho de 2011 para informar as pessoas que se encontravam no abrigo que teriam de sair dentro de três dias ou seriam desalojadas. Esta foi a primeira vez que as famílias foram avisadas, embora não tenha sido mostrada qualquer ordem judicial. A 15 de Julho, o Presidente voltou acompanhado pela polícia para desalojar as famílias.
As autoridades da cidade escolheram um terreno pequeno e pantanoso, a dois quilómetros de distância, para realojar as pessoas deslocadas. Contudo, só há espaço para acomodar cerca de 100 famílias e o local não tem instalações sanitárias. Não se sabe a localização das outras famílias.
Tendo em conta a actual estação das chuvas e furacões, as famílias enfrentariam dificuldades acrescidas na construção de abrigos neste local. Durante a noite, surgem milhares de acampamentos improvisados por todo o país, depois do terramoto de Janeiro de 2010 ter deixado centenas de milhar de pessoas sem casa.
Mais de 600.000 pessoas ainda vivem em condições precárias em acampamentos. De acordo com o relatório de Março da Organização Internacional para a Migração, mais de 160.000 destas pessoas encontram-se em risco de desalojamento forçado.
Em Novembro de 2010, a Comissão Inter-Americana de Direitos Humanos pediu às autoridades haitianas para adoptarem uma moratória a todos os desalojamentos dos acampamentos e recomendou que todas as pessoas desalojadas ilegalmente fossem transferidas para locais com condições sanitárias e de segurança.
"Dezoito meses depois do terramoto devastador do Haiti, as condições de vida na maioria dos acampamentos ainda são horríveis." "Para os esforços de reconstrução do Haiti serem bem sucedidos, deve ser feito muito mais para acelerar a construção de abrigos e para restaurar serviços básicos e a dignidade para as pessoas que ainda vivem em acampamentos", acrescentou Javier Zuñiga.
Nota
Este texto é da inteira responsabilidade do autor e da entidade representada.
Fonte: Expresso.com
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