INCÊNDIO NA CHAPADA DIAMANTINA JÁ DURA 45 DIAS E AMEAÇA CHEGAR A CASAS

Incêndio na Chapada da Diamantina (BA) já dura 45 dias e se aproxima de casas
Acervo pessoal/Marcelo Issa

15/12/2015

Um incêndio consome a mata do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na região central da Bahia, há pelo menos 45 dias. Além de equipes do Corpo de Bombeiros, cerca de 50 brigadistas voluntários estão nas serras tentando combater o fogo desde o início de novembro.

O parque abrange sete municípios baianos, três deles já com focos de incêndio: Palmeira, Lençóis e Ibiocara. No último final de semana, novos focos surgiram na região do Vale do Capão, em Palmeira, em uma área próxima a casas.

A Chapada Diamantina é uma das principais rotas de turismo ecológico da Bahia por ter sua rica biodiversidade e inúmeras nascentes. O Vale do Capão é a entrada para algumas das paisagens listadas entre as mais deslumbrantes do mundo pela Fundação National Geographic.

O fogo já destruiu as trilhas da Cachoeira da Fumaça, as margens dos rios Mucugê e Mucugêzinho, e áreas dos morros Pai Inácio e Branco.

Os moradores da região suspeitam que incêndios sejam criminosos. O Governo da Bahia, no entando, nega. Segundo o meteorologista do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Heráclito Alves, raios que caíram na região podem ter dado início ao fogo. "Como houve pouca ocorrência de chuvas, existe a possibilidade destes raios, incidindo em áreas de vegetação mais seca, terem provocado o início de novos focos", explicou o meteorologista.

Governo vai equipar voluntários

Para combater os diversos focos de incêndio, o Corpo de Bombeiros tem usado 60 bombeiros militares, além de 40 brigadistas e nove aeronaves. Contudo, a equipe não é suficiente. No último domingo (13), a Justiça Federal obrigou o governo do Estado e a União a fornecerem 400 kits de material e EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) para os brigadistas voluntários que estão na linha de combate aos incêndios que atingem a Chapada Diamantina desde o mês de novembro.

Novos focos de incêndio podem ter sido causados por raios em vegetação seca
Acervo Pessoal/Marcelo Issa

A determinação judicial ainda pede a disponibilização de cinco veículos, mais um helicóptero para o combate do incêndio. Além da contratação de 30 brigadistas.

Morador há dois anos do Vale do Capão, o jornalista Marcelo Issa está atuando na linha de combate ao fogo como voluntário. "Passamos a madrugada da sexta-feira para o sábado na mata, todos os homens do Vale do Capão, entraram na mata para fazer o aceiro, cortando a mata e o chão para ao fogo não expandir. As casas que estão em cima das serras estão ameaçadas", disse Issa.

"A situação é triste não só pela extensão das queimadas, mas porque atingiu dezenas de nascentes de rios. E isso é grave quando observamos que a maior parte da água potável consumida no Estado da Bahia vem exatamente das nascentes de rios da Chapada Diamantina", completou a moradora do  Vale do Capão, Emmanuela Vilar Lins.

Turismo prejudicado

A ACP (Associação de Moradores de Vale do Capão) disse que os incêndios vêm afugentando turistas e os moradores estão apreensivos com o impacto ambiental e econômico. Cerca de 50% das reservas feitas para o fim de ano foram canceladas e a procura por hospedagem diminuiu. "Passamos o ano esperando as festas de Réveillon, quando temos uma boa movimentação de turistas para rentabilizar a região, porém este ano será complicado. Muitos turistas estão cancelando as viagens achando que o parque foi devastado. As áreas que foram incendiadas não eram, em sua maioria, áreas visitadas. O Vale do Capão é imenso e, mesmo com o incêndio, ainda tem muita beleza para ver", disse a brigadista Tila Silvany.

Na pousada Lendas do Capão, dos 22 quartos existentes apenas quatro estão reservados. Segundo o gerente Cristiano Argolo, o incêndio na região impactou diretamente nas vendas dos pacotes de hospedagem. "Estamos há quase duas semanas do réveillon e nesta época, pelo menos 60% dos quartos já estariam reservados."

O UOL entrou em contato com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) para saber se existe algum plano de prevenção de incêndio para a região da Chapada Diamantina e como o órgão está ajudando nas ações, mas até a publicação deste texto ninguém retornou os contatos.

Fonte: UOL


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