NOSSO CORPO É O MEIO AMBIENTE

10/04/2015

(*) Lélio Costa e Silva

Lélio Costa e Silva
A gente imagina que o corpo humano é muito diferente do planeta, dos animais ou mesmo das plantas, mas na verdade somos muito parecidos.

Vamos pensar então:

- Quem já viu uma gravura, ou desenho dos nossos pulmões, sabe que eles, virados para baixo, parecem duas grandes árvores frondosas.

- Você já reparou nas árvores das grandes cidades?  Seus troncos são pretos e suas folhas cobertas pelo pó e sofrem muito com a poluição. Suas raízes não têm nem o direito de crescer para os lados, pois ao seu redor tudo é cimento ou asfalto... E suas copas sentindo-se animadas para crescer são logo podadas, ficando surecas, para desespero dos pardais.

Quem tem o costume de fumar ou vive em um ambiente poluído pode ter uma certeza: seus pulmões são como essas tristes árvores.

Os alimentos são como os combustíveis - a gasolina, álcool e o diesel fazem um carro movimentar. Nosso corpo funciona também à base de combustíveis que são os açúcares, amidos e gorduras dos alimentos que fornecem energia para o corpo.  Alimentos mal conservados ou cheios de venenos químicos podem fazer o nosso organismo parar além de prejudicar outros órgãos.

Nossa boca, dentes, estômago, intestinos ou o fígado são como fábricas especiais, que produzem várias substâncias para o organismo.  O fígado tem uma capacidade enorme de recuperação - até 90% dele pode ser destruído. Há casos em que os 10% que restaram podem reconstruí-lo até o seu tamanho normal. Ele é também o agente de limpeza do corpo humano, coletando e tratando todo o lixo e, sem dúvida, sabe fazer também a coleta seletiva. Ele nem precisa ensinar aos outros órgãos a jogarem o lixo na lixeira.

O sistema de transporte de uma cidade é feito pelos carros, ônibus e trens  através de estradas, avenidas e ruas.... Em nosso corpo, quem carrega o oxigênio para todos os órgãos, é o sangue.

Os rins, que são dois, funcionam como estações de tratamento de esgoto. Só que eles filtram o sangue livrando-o das sujeiras, formando então a urina, que será expelida para fora do nosso corpo. Como estão nossos rios, córregos, ribeirões? O que eles têm levado para o mar?

- Mas o que poderíamos comparar com a nossa pele e pêlos que cobrem o corpo?  As ruas arborizadas, as praças com suas flores, os jardins, os manguezais, as matas, os gramados e outras plantas!   Nossa pele protege o corpo contra tudo e contra todos. Ela nos mostra o mundo através dos sentidos. Por ela sentimos dor, calor, frio. Quando cheia de saúde, ela nos protege contra várias doenças. Mas se a ferimos podemos adoecer gravemente.  O mesmo acontece com o verde da cidade e do campo: se o trocamos pelo asfalto ou chão batido nosso corpo não transpira. O chão seco recusa tristemente a água da chuva que só tem um caminho: entrar pelas bocas de lobo (quando existem) entupidas e levar o lixo acumulado para os rios onde tudo vai explodir numa enchente na periferia ou mesmo nas áreas centrais da cidade. No campo, a água da chuva no chão, sem o verde, abre caminho aos buracos e crateras causados pela erosão – sem cicatrização.

- E os nossos órgãos genitais? Representam o que? Eles demonstram a possibilidade da vida ter a sua continuidade com o nascimento de novos habitantes. São como as árvores  que a cada temporada dão novos frutos.

- Mas esse corpo não tem cérebro?

- Claro! Vocês já viram cidade sem governantes? Sem prefeitura, sem câmara municipal?

- E o povo dessa cidade?  O que poderia representar as lideranças comunitárias, as associações de moradores, os movimentos de defesa do cidadão?

Para esses existe um órgão especial que em tudo se parece com eles. Um órgão poderoso, resistente e que não pára nem quando o corpo descansa.  Sempre alerta, ele é o retrato da mobilização! É também a morada da esperança...

Mas antes de dizer quem é ele não devemos esquecer-nos de um fato muito importante: Todos os órgãos do nosso corpo trabalham em parceria. Nenhum deles consegue sobreviver sozinho.

- E agora vamos descobrir que órgão melhor representa o povo? Ele se chama coração!

- Nosso corpo é ou não é também o meio ambiente?

(*) Lélio Costa e Silva é medico veterinário, professor, criador do Projeto Xerimbabo e responsável técnico pelo Zoológico do Cebus da Usipa com especialização em ecologia e conservação ambiental.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário e pela sua visita.
Volte sempre!!!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...