Fases da Lua


Seiscentos anos antes do nascimento de Cristo a Lua já havia se transformado em objeto de estudo atencioso por parte dos homens que demonstravam interesse e preocupação na busca de uma explicação para o que todos viam, mas não conseguiam entender. Um deles foi Tales de Mileto (640-546 a.C.), filósofo e astrônomo grego, que acreditava ser a Lua um corpo sólido e sem luz própria, que brilhava refletindo os raios solares. Um século depois dele, Demócrito de Abdera (460-370 a.C.), outro filósofo grego, defendia que a Lua era um “mundo” com montanhas e vales semelhantes aos da Terra, o que causava as “sombras” da face do satélite.

Aristóteles (384-322 a.C.), também filósofo grego, explicou as fases da Lua supondo-a esférica, mas reconheceu que ela também girava sobre seu eixo exatamente no mesmo período em que rodava à volta da Terra, motivo pelo qual exibia sempre a mesma face. Aristarco de Alexandria (217-145 a.C.), gramático e crítico grego, mediu a distância entre a Terra e a Lua, chegando a um valor aproximadamente cinqüenta e seis vezes maior que o raio terrestre. Pouco depois, Hiparco (190-125 a.C.), matemático e astrônomo grego, encontrou um resultado aproximado: cinqüenta e seis raios terrestres. Determinações modernas mostram que a distância é variável e oscila entre um mínimo de 364.400 quilômetros a um máximo de 460.700 quilômetros, respectivamente 57 e 64 vezes o raio terrestre.

Ainda na Antigüidade, vários fenômenos terrestres foram relacionados com a influência lunar, e um deles é o das marés, que atingem uma altura máxima durante as fases de lua nova e lua cheia. Em certos meios os agricultores ainda realizam a semeadura e a colheita em fases lunares bem determinadas, acreditando que assim podem obter melhores resultados. E estudos científicos demonstraram que na lua cheia a quantidade de insetos no ar duplica em relação à fase nova, quer o céu esteja coberto por nuvens ou não. Mas com exceção das marés, que foram cientificamente explicadas por Newton como resultado da atração gravitacional da Lua, as outras influências nas atividades humanas têm o mecanismo de suas causas ainda desconhecido, embora não constituam objeto de muitos estudos já que a maior parte delas são identificadas com crendices populares.

Único satélite natural da Terra, a Lua é relativamente grande - diâmetro de 3.470 quilômetros, exatamente 1/4 do da Terra - e leva o mesmo tempo para girar ao redor do seu eixo e para orbitar em volta da Terra. Assim, a mesma face está sempre voltada para nós, mas no entanto, a quantidade da superfície que podemos ver - a fase da Lua - depende de que fração do lado visível está sob a luz do Sol. A Lua é seca e estéril, sem atmosfera nem água, e consiste principalmente de rocha sólida, embora seu núcleo possa conter rocha fundida ou ferro. A superfície é poeirenta, com planaltos cobertos de crateras causadas pelo impacto de meteoritos, e planícies nas quais grandes crateras foram ocupadas por lava solidificada, formando áreas escuras denominadas “mares”. Os mares ocorrem principalmente no lado visível, que possui uma crosta mais fina que o lado oculto. Várias crateras estão margeadas por seqüências de montanhas que formam as paredes das crateras e podem ter milhares de metros de altura.

À medida que a Lua viaja ao redor da Terra ao longo do mês, ela passa por um ciclo de fases durante o qual sua forma parece variar gradualmente. O ciclo completo dura aproximadamente 29,5 dias. Esse fenômeno é bem compreendido desde a Antiguidade, pois se acredita que o grego Anaxágoras (500 a 428 a.C.), já conhecia sua causa, e Aristóteles (384 a 322 a.C.) registrou a explicação correta do fenômeno: as fases da Lua resultam do fato de que ela não é um corpo luminoso, e sim um corpo iluminado pela luz do Sol. A face iluminada da Lua é aquela que está voltada para o Sol, e sua fase representa o quanto dessa face iluminada está voltada também para a Terra. Durante metade do ciclo essa porção está aumentando (lua crescente) e durante a outra metade ela está diminuindo (lua minguante). Tradicionalmente apenas as quatro fases mais características do ciclo - Lua Nova, Quarto-Crescente, Lua Cheia e Quarto-Minguante - recebem nomes, mas a porção que vemos iluminada da Lua, que é a sua fase, varia de dia para dia. Por essa razão os astrônomos definem a fase da Lua em termos de número de dias decorridos desde a Lua Nova (de 0 a 29,5) e em termos de fração iluminada da face visível (0% a 100%). As quatro fases principais do ciclo são:

Lua Nova - acontece quando a face visível da Lua não recebe luz do Sol, pois os dois astros estão na mesma direção. Nessa fase, a Lua está no céu durante o dia, nascendo e se pondo aproximadamente junto com o Sol. Durante os dias subseqüentes, a Lua vai ficando cada vez mais a leste do Sol e sua face visível vai ficando mais iluminada a partir da borda que aponta para o oeste.

Quarto-crescente - a Lua tem a forma de um semicírculo com a parte convexa voltada para o oeste. Lua e Sol, vistos da Terra, estão separados de aproximadamente 90°. A Lua nasce aproximadamente ao meio-dia e se põe aproximadamente à meia-noite. Após esse dia, a fração iluminada da face visível continua a crescer pelo lado voltado para o oeste, até que atinge a fase Cheia.

Lua cheia - nessa fase, 100% da face visível está iluminada. A Lua está no céu durante toda a noite, nascendo quando o Sol se põe e se pondo no nascer do Sol. Lua e Sol, vistos da Terra, estão em direções opostas, separados de aproximadamente 180°, ou 12h. Nos dias subseqüentes, a porção da face iluminada passa a ficar cada vez menor à medida que a Lua fica cada vez mais a oeste do Sol; o disco lunar vai dia a dia perdendo um pedaço maior da sua borda voltada para o oeste. Aproximadamente 7 dias depois, a fração iluminada já se reduziu a 50%, e temos o Quarto-Minguante.

Quarto-minguante - a Lua está aproximadamente 90° a oeste do Sol, e tem a forma de um semicírculo com a convexidade apontando para o leste. A Lua nasce aproximadamente à meia-noite e se põe aproximadamente ao meio-dia. Nos dias subseqüentes a Lua continua a minguar, até atingir o dia 0 do novo ciclo (ilustração acima).

Como a Lua mantém a mesma face voltada para a Terra, um astronauta na Lua não vê a Terra nascer ou se pôr. Se ele estiver na face voltada para a Terra, a Terra estará sempre visível. Mas se estiver na face oculta da Lua, nunca verá a Terra.

Este texto também foi publicado em www.efecade.com.br, que o autor está construindo.

FERNANDO KITZINGER DANNEMANN

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