Encontrado primeiro tubarão híbrido


Este tubarão híbrido contém tanto o DNA do tubarão-de-ponta-negra comum quanto o do australiano. Crédito: Getty Images.

04/02/2012

Na última terça-feira, cientistas afirmaram que descobriram o primeiro tubarão híbrido do mundo em águas australianas, um provável sinal de que os predadores podem estar se adaptando às mudanças climáticas.

O cruzamento do tubarão-de-ponta-negra comum com o australiano foi uma descoberta sem precedentes que atinge todo o universo dos tubarões, como destaca o pesquisador Jess Morgan.

“É surpreendente porque ninguém nunca viu tubarões híbridos antes. Não é uma ocorrência comum em nenhum aspecto”, disse Morgan, da Universidade de Queensland.

“É a evolução em ação”.

Colin Simpfendorfer, da Universidade James Cook e parceiro na pesquisa de Morgan, disse que os primeiros estudos sugerem que a espécie híbrida é relativamente robusta e que há 57 espécimes de gerações diferentes.

A descoberta foi feita durante um processo de catalogação da costa leste da Austrália em que testes genéticos mostraram que alguns tubarões tinham características físicas de uma espécie, apesar de pertencerem geneticamente a outra.

O tubarão-de-ponta-negra australiano é um pouco menor que o comum e só consegue viver em águas tropicais, mas a espécie híbrida foi encontrada a 2 mil quilômetros da costa, em águas mais frias.

Isso significa que o tubarão-de-ponta-negra australiano pode estar se adaptando para garantir sua sobrevivência à mudança de temperatura da água provocada pelo aquecimento global.

“O cruzamento com a espécie comum permite que os animais sobrevivam em águas mais frias, então seu efeito é a colonização”, ressalta Morgan.

“Isso permitiu que uma espécie restrita aos trópicos chegasse a águas mais temperadas”.

A equipe acredita que as mudanças climáticas e a pesca sejam alguns dos prováveis causadores da aparição dos tubarões. Há planos de um mapeamento genético para que seja possível examinar se o processo de cruzamento é antigo e só foi descoberto agora ou se é um fenômeno recente.

Se os híbridos forem mais fortes que os animais da espécie pura – mais bem adaptados ao meio – poderão substituir os antepassados de sangue puro, destaca Simpfendorfer.

 “Não sabemos se este é o caso, mas sabemos que isso é viável, que eles se reproduzem e que há múltiplos descendentes híbridos pelo que encontramos no mapa genético desses animais”, disse.

“Sem dúvida, esses animais parecem muito bem adaptados”.

O número de híbridos é abundante, representando até 20% da população de tubarões-de-ponta-negra em algumas áreas. Mas Morgan disse que, aparentemente, esse fato não implica na diminuição dos indivíduos de sangue puro, o que é ainda mais misterioso.

Simpfendorfer disse que o estudo, publicado no fim do mês passado na Conservation Genetics, poderia desafiar ideias tradicionais de como tubarões costumavam se desenvolver e continuam se desenvolvendo.

“Nós achávamos que entendíamos como as espécies de tubarões haviam se dispersado, mas isso nos mostra que provavelmente não compreendemos todos os mecanismos que mantêm as espécies de tubarões dispersas”, ressaltou.

“Fato é que isso pode estar acontecendo em outras espécies, além dessas duas”.

Fonte: http://blogs.discoverybrasil.uol.com.br
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2 comentários:

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