Brasil e ONU desenvolverão centro de capacitação profissional no Haiti

Parceria entre PNUD, organizações brasileiras e governo haitiano vai capacitar 
mão de obra do país caribenho. Foto: Banco Mundial / Romel Simon

30/12/2016

Para reduzir o déficit de mão de obra qualificada no Haiti e gerar empregos, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e instituições haitianas vão construir um centro de formação profissional no país.

Licitação para escolher construtoras e fornecedoras de equipamentos começará em 2017. Previsão é de que cursos de capacitação comecem em 2018.

O Haiti é um dos países mais pobres do mundo e apresenta um índice de desenvolvimento humano (IDH) baixíssimo — 0,483. O Produto Interno Bruto (PIB) da nação caribenha é estimado em cerca de 9 bilhões de dólares, valor que é aproximadamente 250 vezes menor que o PIB brasileiro e 1,8 mil vezes menor que o norte-americano.

Um déficit de mão de obra qualificada provoca desemprego generalizado, deixando em risco a população haitiana de 10,4 milhões de habitantes.

Para reverter esse cenário e ajudar o país a crescer, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Agência Brasileira de Cooperação (ABC), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e instituições haitianas deram início à concepção de um centro de formação profissional. O local receberá um investimento total de 17 milhões de dólares.

O objetivo da iniciativa é formar jovens profissionais nas áreas estratégicas para o desenvolvimento econômico do Haiti. “Vamos identificar quais setores da economia haitiana necessitam de profissionais qualificados e capacitar esses profissionais por meio do Centro de Formação Profissional. A ideia é que ele já saia do Centro de Formação e vá direto para o mercado de trabalho”, explica o analista de programa PNUD, Joaquim Fernandes.

A proposta do SENAI é que os cursos de capacitação englobem as áreas de engenharia civil, costura, eletricidade predial, carpintaria, operação turística e mecânica de automóveis e motocicletas. Entretanto, os organizadores do projeto ainda se reunirão com o governo haitiano para definir quais serão as formações mais interessantes para o país de acordo com a realidade local.

O programa tem previsão de três anos e meio de duração, ao longo dos quais os haitianos deverão assumir gradualmente a gestão do centro. A expectativa é de que o projeto beneficie cerca de 3 mil estudantes com idade entre 16 e 25 anos.

“Esse modelo brasileiro é inovador. Não se trata somente de formação profissional, mas também de inserção profissional, em uma parceria forte com o setor privado. Aspiramos que esse centro de formação possa gerar oportunidades de acesso ao mercado de trabalho para milhares de haitianos, contribuindo, assim, para a geração de renda e a dinamização da economia do Haiti”, afirmou o representante do PNUD e também coordenador-residente das Nações Unidas no Brasil, Niky Fabiancic.

No Haiti, os organismos responsáveis pela cooperação são o Ministério de Educação e Formação Profissional e o Instituto Nacional de Formação Profissional (INFP). O acordo que oficializou a parceria foi assinado em novembro, em Brasília. Para dar início ao projeto, uma comitiva do país caribenho esteve no Rio Grande do Sul para conhecer a estrutura e as metodologias de ensino utilizadas pelo SENAI.

“O que mais me chamou a atenção no Rio Grande do Sul foi a parceria entre o SENAI e o setor produtivo, que promove uma complementariedade entre a educação na escola, o setor produtivo e a sociedade civil”, destacou o secretário de Estado para a Formação Profissional do Haiti, Jean David Geneste.

No fim de janeiro, o Brasil pretende realizar uma missão ao Haiti, para avaliar um terreno em Les Cays, no sul, e verificar a viabilidade de construção do centro no local. “2017 será o ano de licitação da construção e dos equipamentos do Centro de Formação e, em 2018, a obra deverá estar concluída com equipamentos instalados e devemos colocar os cursos em funcionamento com apoio do SENAI, INFP e ABC”, explica Fernandes.

O governo brasileiro, com apoio do SENAI, já apoiou a implantação de oito centros de formação profissional no exterior — em Angola, Cabo Verde, Guatemala, Guiné-Bissau, Jamaica, Paraguai, São Tomé e Príncipe, Timor Leste. O Brasil também ajudou o Peru na criação de um centro de tecnologia ambiental.

“É um trabalho que tem dado grandes frutos. Em diversos países em que o SENAI vem atuando, as informações que recebemos apontam que os resultados têm sido positivos. Ficamos honrados com o reconhecimento das Nações Unidas de que o SENAI é um dos principais atores da cooperação Sul-Sul”, diz o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade.

Fonte: Nações Unidas no Brasil

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