Programa da Danone impacta mais de 800 catadores



15/11/2016

Criado de forma piloto na cidade mineira de Jacutinga, em 2011, o Programa Novo Ciclo, da Danone, vem consolidando sua expansão e multiplicando resultados que já mereceram reconhecimentos como a 1ª posição no “Convergences Awards 2015”, uma plataforma mundial que visa construir a convergência entre organizações não governamentais, o setor público e a iniciativa privada para promover os Objetivos do Milênio e reduzir a pobreza em países desenvolvidos e em desenvolvimento. O Cempre Informa Mais conversou com o gerente de Sustentabilidade da empresa, Mauro Homem, sobre as metas e conquistas do Programa. 

Quando e como teve início o Programa Novo Ciclo?

Elecomeçou provocado pelos debates da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Desde 2010, discutíamos a ideia de fazer uma ação no município de Jacutinga, no sul de Minas Gerais, onde temos uma fábrica de nossa Divisão de Águas e estávamos organizando uma cooperativa. Esse piloto nos ensinou como lidar com os catadores e entender melhor a coleta seletiva e a reciclagem. Daí, evoluímos para a construção de um business case a fim de conseguir recursos do Fundo Danone Ecosystem.

O que é o Fundo Danone Ecosystem?

A Danone atua com sustentabilidade em alguns fundos globais, dentre eles, o Danone Ecosystem que foi concebido em meio à crise de 2008/2009, com a intenção de desenvolver a cadeia de valor da companhia. Ela tem 5 pilares de atuação: Suprimentos (iniciativas com nossos fornecedores, de grandes empresas a pequenos agricultores e produtores), Distribuição Inclusiva (temos um projeto importante no Brasil dentro desse tema, o Kiteiras, com mulheres de baixa renda do Nordeste para a venda direta de nossos produtos, que está sendo trazido para São Paulo), Reciclagem (do qual faz parte hoje o Programa Novo Ciclo), Prestadores de Serviços Médicos (com ações para essa categoria, inclusive na formação e suporte a cuidadores de idosos), Territórios e Proteção de Bacias Hidrográficas (voltado principalmente à nossa Divisão de Águas).

O Fundo Danone Ecosystem é uma entidade autônoma que conta com mais de 100 milhões de euros para projetos que respondam mundialmente a esses cinco pilares, sob a responsabilidade de uma subsidiária local da Danone e uma instituição parceira que recebe os recursos, fazendo cogestão dos projetos com a operação local da empresa.

O que aconteceu com o Programa Novo Ciclo após a obtenção desses recursos?

O Programa ganhou fôlego e iniciamos nossa parceria com o Instituto Nenuca de Desenvolvimento Sustentável (INSEA) e o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). Chegamos, assim, a 35 cidades da região metropolitana de Belo Horizonte e do sul e sudoeste de Minas Gerais, atuando diretamente junto a 44 cooperativas e 827 catadores.

A iniciativa consiste basicamente no desenvolvimento da cadeia de reciclagem que tem início com um Termo de Compromisso, assinado com cada prefeitura. Esse primeiro passo é essencial. Só assim conseguimos a efetiva implantação da coleta seletiva e a conscientização da população para separação dos resíduos. Sem essa base, não podemos seguir adiante.

O segundo passo é estabelecer um comitê local, que chamamos de Fórum Gestor, para assegurar a continuidade do sistema, sem riscos decorrentes, por exemplo, de trocas de governo ou de mudanças na estratégia dos prestadores de serviço de coleta. Esse Fórum é formado por representantes da sociedade civil organizada, universidades e defensores da causa da reciclagem.

Como foi a escolha dos municípios?

Iniciamos por uma região na qual possuíamos duas fábricas, em Jacutinga e Poços de Caldas (hoje são três, pois inauguramos uma nova planta em Poços). Era uma área que nos interessava bastante e, ao mesmo tempo, sentíamos a possibilidade de influência junto ao poder público municipal para construir essa parceria como vetor de desenvolvimento da coleta seletiva.

Do sul de Minas, acabamos crescendo, pois queríamos fazer mais e obter maior escala. Agora, já temos uma nova fase do Programa aprovada que está nos levando para 59 municípios, com presença em 69 cooperativas. Abraçamos um pouco o estado de São Paulo, fazendo um grande cinturão de atuação no interior do estado, passando pelo Vale do Paraíba, até chegar à região metropolitana de Belo Horizonte. Essa expansão deverá estar concluída até 2018.

Queremos fazer cinturões com diferentes redes de cooperativas integradas. Formatamos uma rede no sul de Minas, já estamos trabalhando com o INSEA na região de Belo Horizonte e identificamos oportunidades no Vale do Paraíba e na região de Sorocaba. Se conseguirmos construir uma única rede com essas quatro iniciativas, vamos ter uma escala enorme que realmente vai fazer diferença.

O que Programa oferece às cooperativas?

Promovemos o empoderamento dessas organizações. Temos atividades com técnicos, catadores e mobilizadores que dão suporte direto às cooperativas. Esse suporte vai desde a criação ou formalização da cooperativa e a melhoria da logística do galpão, passando pela mobilização do poder público por um novo espaço, se necessário, e chega ao apoio para obtenção de recursos de fundos ligados ao governo como Funasa, Banco do Brasil e Cataforte para melhorias na infraestrutura e acesso a equipamentos e caminhões.

Outro aspecto é o suporte comercial e a união das cooperativas em redes. Dessa forma, elas conseguem escala para negociações mais favoráveis com recicladoras ou até mesmo diretamente com nossos fornecedores que têm interesse em receber suas embalagens para reinserção no processo produtivo. Esse é o caso, por exemplo, de nossa parceria com a Tetra Pak.

Quais os resultados conquistados até agora?

Chegamos hoje a 40% de reciclagem equivalente das embalagens de produtos Danone comercializados em todo o país. Ou seja, se pegarmos tudo o que colocamos no mercado e dividirmos pelo que coletamos com o Programa, obtemos 40% do volume total que é a meta indicada pela Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Outro viés relevante é o impacto social, com o aumento da renda dos catadores. Saímos, em 2011, de uma média mensal de R$ 490,00 e estamos atualmente em R$ 1.136,00. Ou seja, cerca de 140%! Temos também ganhos de eficiência: operamos hoje com 107 quilos por catador/dia, o que ultrapassa - e muito! - nossas expectativas iniciais que eram em torno de 30 a 35 quilos diários.

Além disso, realizamos ações de saúde e nutrição que também são um diferencial da Danone, em função de nosso portfólio. Nossa missão é levar saúde ao maior número de pessoas possível.

Quais os investimentos feitos no Programa?

Até o momento, foram investidos mais de R$ 9 milhões, pela Danone Brasil, o Fundo Danone Ecosystem e os parceiros do projeto representados pelo INSEA.

Qual o maior desafio desse trabalho?

O maior desafio foi integrar essa visão de responsabilidade compartilhada, do diálogo com o catador, a organização não governamental e o poder público. Temos de entender que a cocriação é fundamental. Não operamos com o modelo tradicional de patrocínio, de doação de recursos. Nós temos uma equipe de quatro profissionais diariamente dedicados à realização dessa iniciativa que se somam a outros oito, do INSEA e do MNCR.

E a maior conquista?

A maior conquista, sem dúvida, foi transformar diretamente a vida de 836 pessoas (sem contar com suas famílias) e ter um planejamento para atrair cada vez mais catadores. Com certeza, temos também resultados concretos para a Danone que nos dão muita satisfação. Além disso, fomos premiados com o Convergences Award, o que representa um importante reconhecimento internacional.

Qual a importância do catador nesse processo?

O catador é o elemento central não só porque a lei o coloca nessa posição, mas porque realmente existe uma oportunidade concreta de transformar e verticalizar essa cadeia a partir da atuação do catador. Vemos o catador como um empreendedor que se organiza com outros empreendedores numa cooperativa ou numa rede de cooperativas e constrói um negócio a partir dessas ligações.

Ele presta um serviço essencial para a sociedade, empresas e o poder público, melhorando nossa qualidade ambiental, evitando que tenhamos mais resíduos nos aterros e, ao mesmo tempo, realizando um trabalho que é extremamente digno e competitivo.

Quais os pontos de contato do Programa com a estratégia da Danone?

O Programa Novo Ciclo revoluciona a forma como vamos organizar a nossa cadeia de suprimento no futuro. É um processo, não temos todas as respostas, nem tudo está pronto, mas quando começamos a retornar os recicláveis para nossa cadeia de fornecimento, estamos construindo um novo modelo de negócio. A reciclagem nos garante um material mais sustentável, a preços competitivos, com grande impacto social. E isso trará benefícios cada vez mais significativos.

Para saber mais: http://www.danone.com.br

Fonte: CEMPRE


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