Fotógrafo usa equipamento da NASA para registrar tubarões

(FOTO: ©MICHAEL MULLER / TASCHEN / CPI SYNDICATION )

23/06/2016

Além de campanhas como a dos X-Men, Michael Muller revela um outro olhar sobre os bichos mais assustadores dos mares

O livro Sharks do fotógrafo Michael Muller [veja o Instagram dele], lançado pela editora Taschen, revela um lado pouco conhecido dos tubarões. Anualmente, cerca de 5 pessoas morrem por ataques de tubarão, mas em 2015, 100 milhões destes bichos perderam a vida por conta de sua carne, cartilagem, barbatanas e óleo de fígado. É uma indústria que movimenta anualmente US$ 630 milhões.

Para mostrar esta realidade, Muller faz pausas regulares em seu trabalho comercial — que inclui capas de CD da Rihanna e campanhas para filmes como X-Men e Os Vingadores — e registra belas imagens dos animais em seu habitat, usando um sistema de luz desenvolvido com a ajuda de um engenheiro da NASA. “Eu sou a única pessoa que tira fotos dessa forma, então sou o único capaz de mostrar os tubarões assim. Veja as fotos e leia nossa conversa com ele:

TUBARÃO-BICO-FINO/ TIGER BEACH, BAHAMAS 

(FOTO: ©MICHAEL MULLER / TASCHEN / CPI SYNDICATIO)

Como você começou a fazer os mergulhos?

Fiquei muito inspirado pelo filme Tubarão, de Steven Spielberg. E, logo no meu primeiro mergulho, que foi um presente de aniversário de 30 anos, vi como eles eram bichos inteligentes. Na segunda missão que fiz, já dispensei a gaiola. Tive medo porque não tinha experiência — e principalmente porque tinham 20 tubarões —, mas permaneci calmo. Agora não tenho mais medo nem dos tubarões brancos.

Os brancos são os piores?

Eles são muito inteligentes, você tem que enfrentá-los. Qualquer coisa no oceano foge deles. Se você fugir, reza, porque ele vai atrás de você. Mas se você o enfrenta, ele fica curioso e acha que você é um predador. Sua mente e seu corpo gritam pela preservação, mas é isso que você tem que fazer quando está fora da gaiola. É preciso fazer contato visual o tempo todo. Eles dependem muito do elemento surpresa, então tem que ficar atento. Além disso, você precisa estar sempre acompanhado para que os outros vigiem suas costas, são como soldados, todos se protegendo.

Quantas pessoas têm na sua equipe?

Um mínimo de 3 ou 4, as grandes chegam a ter tem 14 pessoas. Sete assistentes responsáveis só por segurar as luzes. São muitas pessoas e por isso gasto muito dinheiro. Estes últimos dez anos em que passei fotografando no fundo do mar foram caros, principalmente porque pago tudo do meu bolso. 

As pessoas não costumam te chamar de louco?

Elas me chamam de louco porque acham que os tubarões são perigosos. Mas precisamos trabalhar essa ignorância. Sempre me perguntam: “Você não tem medo de ser morto?”. E eu respondo: “Você sabe quantas pessoas são mortas por tubarões por ano?”. São 5 pessoas por ano. Agora, 100 milhões de tubarões são mortos por humanos por ano e ninguém fala nada.

TUBARÃO-MARTELO-RECORTADO/ GALÁPAGOS, EQUADOR 
(FOTO: ©MICHAEL MULLER / TASCHEN / CPI SYNDICATION )

Esse é o ponto principal do livro e das fotos. Fui fazer um trabalho nas ilhas Galápagos e pensei: “Não sei se minhas filhas vão conseguir ver estes animais, o que posso fazer para ajudá-los como fotógrafo? Talvez eu possa revelar às pessoas esses bichos de uma forma que nunca viram antes e mostrar o que está acontecendo com eles. E tenho feito isso nos últimos 10 anos, colaborando com associações, vendendo pôsteres… Também estou fazendo um documentário sobre o assunto.

E como você lida com tanto equipamento dentro da água?

Minha ideia é fotografar os tubarões em baixo da água como eu fotografo no estúdio. Mas, obviamente, não posso levar um animal deste para o estúdio sem matá-lo. Então, pensei em desenvolver um sistema de luzes à prova d’água. Depois que fotografei o nadador Michael Phelps, comecei a fazer muitas fotos subaquáticas e comecei a pesquisar mais sobre isso. Com a ajuda de um engenheiro da NASA criamos uma luz muito potente, igual a que usamos em estúdio.

Mas as luzes não irritam os tubarões?

Na primeira vez que as usamos, acho que os tubarões não se importaram muito. Eles estavam mais preocupados com a comida que dávamos a eles. Mas sempre ficamos atentos por causa da eletricidade, dos cabos, essas coisas.

E como os trabalhos que você faz no fundo do mar se relacionam com seus trabalhos mais comerciais?

Acho que todos os meus trabalhos acabam se relacionando de alguma forma. Minha carreira comercial veio por causa dos meus projetos pessoais. A maioria dos diretores de arte que conheci ficam interessados pelo trabalho que faço com os tubarões, ficam curiosos e impressionados. Mas você precisa ter um balanço entre trabalho pessoal e comercial, precisa valorizar sua expressão artística. Os fotógrafos que só fazem trabalhos comerciais esquecem da parte divertida das fotos, que é a parte criativa.

TUBARÃO BRANCO/ ILHA GUADALUPE, MÉXICO 

(FOTO: ©MICHAEL MULLER / TASCHEN / CPI SYNDICATION )

TUBARÃO-GALHA-BRANCA-OCEÂNICA
(FOTO: ©MICHAEL MULLER / TASCHEN / CPI SYNDICATION )

CAÇÃO-BRUXA/ BAÍA FALSA/ ÁFRICA DO SUL
(FOTO: ©MICHAEL MULLER / TASCHEN / CPI SYNDICATION )

Fonte: GALILEU



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