Organizações lançam campanha pela conservação dos botos

O boto-vermelho (Inia geoffrensis) é comumente usado omo isca na pesca d
a piracatinga, no Brasil comercializada como “douradinha” - Foto: Divulgação

23/07/2014

Cerca de 2.500 botos são mortos por ano na Amazônia. 
Pesquisadores alertam para risco de extinção do animal.

A Campanha Alerta Vermelho, lançada oficialmente neste domingo (20), pretende arrecadar fundos em prol da preservação dos botos na Amazônia. A intenção da iniciativa é combater as atividades ilegais de caça e pesca, por meio do engajamento e participação ativa das pessoas, dentro e fora da região Amazônica.

O boto-vermelho (Inia geoffrensis) é utilizado como isca na pesca da piracatinga, que no Brasil é comercializado com o nome fantasia de “douradinha”. Estima-se que cerca de 2.500 botos são mortos todo ano, em determinadas regiões da Amazônia.

“A matança de botos para uso como isca na pesca da piracatinga chegou a limites insustentáveis. O boto-vermelho é um patrimônio Amazônico. Para aumentar o conhecimento das espécies envolvidas, apoiar as ações de fiscalização e promover a conservação desses magníficos animais, o engajamento e a participação da sociedade como um todo é imprescindível. O Alerta Vermelho convoca todos os seguimentos da sociedade para não permitir que o boto se torne apenas uma lenda”, declarou a chefe do Laboratório de Mamíferos Aquáticos do Inpa/MCTI, Dra. Vera da Silva.

Pesquisadores apontam que se o volume da piracatinga no mercado brasileiro continuar aumentando, e o boto ser a principal isca, esse golfinho poderá desaparecer em um futuro bem próximo.

A campanha Alerta Vermelho é uma parceria entre as organizações Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e também propõem apoio a projetos de turismo sustentável com os botos e alternativas de fomentar a pesquisa.

Neste último domingo, o programa Fantástico da Rede Globo veiculou reportagem de mais de 10 minutos sobre a matança dos animais na região.

Medida oficial

Nesta segunda (21), medida publicada Diário Oficial da União pelo Ministérios da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente proíbe a pesca da piracatinga em todo o território nacional por cinco anos. O objetivo é reduzir a matança de botos e jacarés, usados como isca para atrair cardumes de piracatinga.

A moratória, que começa a valer a partir de janeiro de 2015, abrange a pesca, a retenção a bordo, o transbordo, o desembarque, o armazenamento, o transporte, o beneficiamento e a comercialização da piracatinga (Calophysus macropterus). Por outro lado, a pesca de até 5 kg do peixe para fins únicos de alimentação do pescador e sua família ainda será permitida. 

Segundo o texto, os ministérios ficarão responsáveis por realizar estudos e avaliações, com objetivo de identificar técnicas e métodos ou alternativas produtivas ambiental, econômico e socialmente viáveis e sustentáveis para o exercício e controle da atividade pesqueira da espécie.

Saiba mais

O boto-vermelho  é o maior dos golfinhos de água doce do mundo. Os machos podem atingir até 2,5 m de comprimento e pesar 180 kg. As fêmeas atingem mais de 2,10 m e 100 kg de peso. Os filhotes nascem cinza, e tornam-se rosados com a idade. Machos adultos são mais rosados do que as fêmeas devido ao maior porte e pela intensa abrasão na pele causada por brigas intraespecificas. As nadadeiras peitorais são grandes e largas, e a nadadeira dorsal é longa e baixa.

Segundo informações da Ampa, a espécie é encontrada em todos os tipos de rios (água preta, branca e clara), nas bacias dos rios Amazonas, Orinoco e Beni/Mamoré. Alimenta-se principalmente de peixes e são geralmente solitários.

Além a importante ameaçada por ser utilizado com isca na pesca da piracatinga, a principal causa de mortalidade é a captura acidental nas redes de pesca. Mortes intencionais por pescadores acontecem eventualmente devido ao comportamento da espécie em retirar peixes das redes, causando estragos aos petrechos de pesca.

A destruição e alteração do ambiente pelo aumento das populações humanas, a contaminação dos rios por agrotóxicos e o uso de mercúrio nos garimpos para extração do ouro, também ameaçam este golfinho.


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